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DIAMANTINA: PIONEIRA NO TRATAMENTO HOSPITALAR EM MINAS GERAIS
17.07.2018
Em Diamantina foram fundados o primeiro hospital, a terceira Santa Casa e o primeiro hospício de Minas Gerais.
A primeira notícia que se tem de um hospital em Minas é no meio da década de 1740, quando para o Distrito Diamantino se dirigiu o cirurgião José Gomes Ferreira para exercer o ofício de cirurgião no Hospital do Contrato Diamantino, quando o Sargento-mor João Fernandes de Oliveira se tornou o primeiro contratador dos diamantes (1739-1747 e 1753-1770).
Outro cirurgião, José Antônio Mendes, atuou por mais de trinta anos como médico do Hospital do Contrato Diamantino. Publicou, em 1770, o Governo de Mineiros, guia prático destinado aos pobres e sobretudo aos senhores de escravos. Seu livro tornou-se a principal fonte para se conhecerem os hábitos de vida, as condições de trabalho e as doenças dos escravos durante o século XVIII. Era contratador na época o Desembargador João Fernandes Oliveira (1720-1779), concubino de Chica da Silva, que assumiu o contrato (1753-1770) após a mudança de seu pai e homônimo para Lisboa.
José Vieira Couto (1752-1827), médico, mineralogista e escritor, formado na Universidade de Coimbra, também trabalhou no Hospital do Contrato Diamantino. Não sabemos a data de fechamento deste Hospital, mas documentos indicam seu funcionamento até o final do século 18.
A Santa Casa de Caridade de Diamantina foi fundada em 1790, apenas um ano após a Inconfidência Mineira, sendo a terceira do gênero em Minas Gerais. Tinha por objetivo cuidar da grande maioria da população pobre e escrava e era mantida por esmolas e donativos. Na segunda metade do século 19, com a cidade de Diamantina elevada à condição de centro econômico, cultural e religioso do Vale do Jequitinhonha, a Santa Casa transformou-se no centro médico da região, ocorrendo expansão de suas instalações.
O primeiro hospício de alienados de Minas Gerais foi o Hospício da Diamantina, construído e administrado pela Santa Casa de Caridade de Diamantina e funcionou de 1889 a 1906. Trata-se de construção grandiosa para a época e projetada de acordo com as modernas concepções médicas.
Durante seu funcionamento, atendeu pacientes de várias cidades do Vale do Jequitinhonha com diferentes diagnósticos de distúrbio mental. O Hospício da Diamantina foi fechado em 1906 em decorrência da retirada dos recursos públicos. Depois de vários anos sendo progressivamente consumido pela ação do tempo, o velho prédio foi recuperado, mantendo a dignidade e imponência do velho Hospício da Diamantina.
Os dois hospitais pioneiros (Hospital do Contrato Diamantino e Hospício) desapareceram. Mas a Santa Casa de Diamantina continua imponente e, desde 1790, evoluindo para se adequar às transformações da sociedade na sua secular missão de dar assistência de saúde à população do Vale do Jequitinhonha. Atualmente, ela é moderno centro hospitalar com todas as especialidades médicas e referência para a região do Vale do Jequitinhonha.
Dr. Sebastião Gusmão
Professor Titular de Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG
Tel: (38) 3531-4016