Mário de Almeida: de operário a fazendeiro e construtor


07.06.2017

Ele nasceu em 28 de outubro de 1918, na cidade de Senhora do Porto, no Vale do Rio Doce, micro região de Guanhães e se mudou para o Serro em 1958.

Bom papo, alegre, muito lúcido, Mário de Almeida foi casado com Diva Pires de Almeida com quem teve cinco filhos: Maria Marta, Guilherme (Trombé), Maria José, Orlando e Maria das Dores. São 13 netos e cinco bisnetos.

Para contarmos a história desse Serrano por adoção e de coração, fomos até a casa onde ele mora, na parte histórica de Serro.

Quando entramos na sala encontramos o senhor Mário sentado em uma poltrona com uma mesinha à sua frente onde estavam um caderno e vários lápis de colorir. É um de seus passatempos. Gosta de desenhar flores e colorir. Depois coloca os desenhos em um mural que ocupa todas as paredes de sua casa, em todos os cômodos.

Sorrindo, foi logo dizendo que para contar toda sua história teríamos que ficar lá um dia inteiro, mas ia fazer um resumo para nós.

O começo de tudo

Com 19 anos ele foi para Caeté, trabalhar no alto forno de uma siderúrgica. Mas era inquieto e queria mais.

Decidiu então ser tropeiro. Começou vendendo rapadura e carne de porco no comércio de Serro. Depois de vender suas mercadorias aqui ele comprava outras que vendia em Senhora do Porto.

Numa dessas viagens encontrou um amigo que lhe propôs outro negócio. Eles comprariam gado e venderiam aos garimpeiros, que na época, eram muitos na região de Serro. Ele topou. Ri ao falar que começou do zero. Comprava o gado fiado e só pagava quando voltava.

E foi numa dessas viagens para vender gado que ele conheceu dona Diva, filha do fazendeiro. “Eu estava conversando com um fazendeiro acertando a venda de uns bois, quando vi a Diva encostada na cerca do curral. Aproximei-me dela e começamos a conversar. Quando estava indo embora me virei para ela e disse: Vou voltar pra te ver. E ela respondeu: vou te esperar”. E assim aconteceu, um ano depois estavam casados. Lembra também que a mãe de dona Diva ao ser consultada para ver se aprovava o casamento disse: “Aprovo, uai. A Diva já está na hora de casar e o Mário passando da hora”.

O senhor Mário de Almeida diz que o casamento foi a melhor coisa que lhe aconteceu. Ele descobriu que sua despesa diminuiu e passou a ser mais respeitado.

Começa uma vida de sucessos

Depois do casamento, como os negócios iam bem decidiu arrendar uma fazenda para pouco tempo depois compra-la. Começava assim uma vida de sucesso e prosperidade.

Após adquirir outras fazendas decidiu vende-las ficando só com o gado e, partiu para o setor de construção. No Serro comprava terrenos, construía casas e depois alugava. Assim conseguiu ter o patrimônio que tem hoje. São 46 imóveis alugados na cidade. Comprou várias fazendas e hoje, cada um dos cinco filhos tem uma, dada por ele.

O senhor Mário de Almeida lembra que os dois primeiros postos de gasolina no Serro foram construídos por ele. Antes havia apenas uma bomba de combustível que ficava no centro da cidade.

Mas não foi só construindo que ele conseguiu fazer sua história no Serro. No final dos anos 70 e início dos anos 80 foi um dos principais incentivadores do carnaval na cidade. Fundou o primeiro bloco carnavalesco e construiu o primeiro clube onde eram realizados bailes e festas: o ”garajão”.

Por tudo isso ele se tornou cidadão honorário do Serro.

Tudo na ponta da caneta

Com seus 99 anos a serem completados em outubro, o senhor Mário de Almeida é super ativo. Faz questão de acompanhar os negócios de perto. Os 46 imóveis alugados são administrados pelo neto Teco, que ao final de cada mês tem que prestar contas ao avô. E o controle é feito na ponta da caneta, nada de computador. Em um caderno ele tem tudo anotado: valor dos alugueis, dia de vencimento, dia do recebimento, tempo de contrato, cópias dos depósitos bancários.

Passando o tempo

Seu Mário adora ouvir músicas sertanejas de raiz e caipira. Ao seu lado está um aparelho de som onde coloca os CDs e ouvi suas músicas. O mais curioso é que quando os CDs estragam ele não joga fora. Faz questão de coloca-los pendurados atrás da porta da cozinha. Ele diz que às vezes fica olhando para eles e admirando como as luzes refletem cores variadas.

Perguntamos a ele porque gosta de colar fotos, pinturas e gravuras nas paredes da casa, formando um grande mural e, ele respondeu: “fotos existem para serem vistas, não para ficar guardadas”.

Para terminar nossa entrevista perguntamos ao Seu Mário de Almeida se ele é feliz: “Muito feliz. Todos os meus filhos seguiram meus passos. O importante é ser um homem de 99 anos, se relacionar bem com todo tipo de gente, sem ter inimigos. E eu sou assim”.

Marcelo Devanir

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