Planeta Serro: um universo de cultura e história em Minas Gerais


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15.03.2019

Eventos pioneiros e inovadores realizados no Serro reúnem serranos espalhados pelo mundo para resgatar, exaltar, cantar e declamar a sua história, suas crenças, suas verdades e seus valores na Pousada Dona Tuca, antigo matadouro de Juquinha e Guido do Corte

Mesmo morando no exterior, a serrana Maria Loreti nunca se distanciou de suas raízes, de sua essência, de seus valores. Prova disso é a grande comunidade virtual que criou e irmanou os serranos espalhados pelo mundo: Planeta Serro-Serranos no Mundo. Milhares deles se juntaram ao seu sonho e hoje compartilham de forma virtual a paixão real, o amor incondicional pela Vila do Príncipe, a Vila que cabe o mundo inteiro. Ao redor da praça João Pinheiro, virtual ou real, que vive dentro de cada serrano, onde quer que ele esteja, o Planeta Serro, entre muitas outras iniciativas, realizou o I Encontro de História e Cultura do Serro, em celebração ao aniversário do Serro, que já está incorporado na vida cultural e na história da cidade, a eterna Vila do Príncipe de Teófilo Ottoni e Lobo de Mesquita. Nesta entrevista, ela conta um pouco de toda essa história, que não se perde mais. 

Pousada Dona Tuca
Pousada Dona Tuca

Maria Loreti, parabéns pela iniciativa do Planeta Serro em promover esse Encontro de História e Cultura do Serro. Você, mesmo morando fora do Serro, conseguiu reunir tantos serranos e amigos do Serro não só virtualmente, mas no mundo real também. Você poderia falar sobre o Planeta Serro. O que é e como surgiu essa ideia?

Primeiramente quero agradecer por essa oportunidade de divulgar o Planeta Serro e falar desse Encontro ao Jornal Vila do Príncipe, que hoje é o maior jornal e um dos mais respeitados em toda nossa região. Bom, morando fora do país há quase 30 anos, o Planeta Serro é o meu xodó virtual que surgiu em 2011, da minha vontade de reencontrar os amigos e familiares serranos. “Planeta”, pelo fato dos serranos assim como eu e descendentes, estarem espalhados pelo mundo todo. E também porque apesar do Serro ser a nossa “pequena” Vila do Príncipe, é gigantesco na beleza, na história, cultura e, principalmente, no tamanho do coração e carisma dos nossos conterrâneos. Inicialmente adicionei ao grupo amigos serranos que conhecia, fotos históricas do Serro e, rapidamente, o grupo foi crescendo, com um adicionando o outro, na nossa Praça Joao Pinheiro virtual no Facebook, que hoje conta com cerca de mais de 48 mil seguidores entre o grupo, a página e o perfil do Planeta Serro. 

Maria Loreti

Em sua opinião, qual a importância do Planeta Serro na comunidade serrana? 

O Planeta Serro, logo no princípio de sua criação, além de dar um espaço à comunidade de trocar informações, recordações, despertou, naturalmente, entre os membros um sentimento de solidariedade, de esperança, e de querer um Serro melhor, independente da faixa etária, posição social, política de cada membro do grupo. Hoje temos grandes colaboradores que se destacam com o seu entusiasmo, inteligência, disponibilidade e visão. Principalmente os que não se importam em dividir tudo isso com seus conterrâneos. Sinto que o Planeta Serro tem uma responsabilidade social imensa com a comunidade. Acredito que, se cada um de nós, membros, continuarmos unidos e focados no Serro e suas demandas, e não em cada um de nós individualmente, além de crescermos cada vez mais, conseguiremos sim implantar, melhorar ou apoiar ideias que possam trazer benefícios para o Serro e, consequentemente, para todos os serranos. E claro sem deixar de relembrar, curtir fotos bonitas, históricas, ou não tão bonitas do Serro, de levar uma boa prosa, de se emocionar e de ouvir bons causos também. Fui muito abençoada e feliz ao criar o Grupo, mas o sucesso do Grupo é sem duvida alguma cada serrano ou amigo do Serro que ali está deixando a sua voz, sua curtida ou que até mesmo passa por lá em silêncio para saber sobre o que acontece na nossa comunidade.  

O Planeta Serro hoje já ultrapassou o mundo virtual. Veja por exemplo a petição em prol do asfaltamento da MG-010, trecho entre o Serro e Conceição do Mato Dentro, onde conseguimos em apenas 40 dias recolher 4.500 assinaturas, cuja adesão extrapolou a internet, com grande número de assinaturas também em papel. A petição foi entregue nas mãos do então governador de Minas à época, Antonio Anastasia, e ao prefeito Guilherme Simões, em agosto de 2011 por nós, representantes do Planeta Serro.

A criação do grupo Planeta Serro, além de motivar os Serranos e amigos do Serro a voltar as atenções para nossa cidade, motivou outros membros do nosso grupo a abrir seus próprios grupos para divulgar o Serro e focar em nossa comunidade em geral, seja do ponto de vista politico, turístico ou assuntos em geral. Em momento algum vi a nova onda virtual  de grupos sobre o Serro como competiçao ao Planeta Serro, achei isto fantástico porque quem ganha com isso é a nossa comunidade, é o SERRO. Quanto mais gente falando sobre o Serro e se interessando pelo que acontece na cidade e participando de assuntos que podem fazer a diferença na comunidade em geral, melhor. Isto é fazer o nosso  papel de cidadania. 

O Planeta Serro promoveu e também apoiou campanhas em prol da Casa de Caridade Santa Tereza e do Recanto Jose Antônio Salles Coelho.

Além de apoiar iniciativas culturais e eventos no Serro e fora do Serro ao longo destes oito anos, como O Encontro do Meu Cabelo Natural em Serro, o Bloco vai Quem Quer, da saudosa Dona Laura, o Encontro de Bandas em BH, a Feirinha Aproxima Serro, entre outros. Agora, tivemos a iniciativa de realizar esse I Encontro de História e Cultura do Serro, em homenagem ao aniversário do Serro, que coincide também com a criação do Planeta Serro.

Agora, gostaria que Maria Amélia Cunha, quem me auxilia na moderaçao do grupo e conhecida carinhosamente como Meméia, falasse um pouco do Planeta Serro. Meméia é a fã número um do Planeta e eu não poderia ter escolhido alguém melhor. Dinâmica, inteligente e prestativa, meu braço direito no Planeta Serro e quem representa muito bem o nosso grupo. 

Taquinho, Nanza e Meméia

Meméia, fale para a gente então como foi para você participar da organização desse Primeiro Encontro de História e Cultura do Serro?

Isto representou para mim uma grande responsabilidade, diante da grandeza e importância do Encontro, por se tratar de um evento para celebrar a data histórica do aniversário do Serro. Foi um acontecimento inédito para a cidade e um presente do Planeta Serro à família serrana, além do enorme contentamento pelo meu imenso carinho à minha terra-natal e aos meus conterrâneos. Isso nos gerou o desejo e o compromisso de oferecer uma programação de qualidade. Assim, colocamos nossa criatividade à prova para encontrarmos a melhor maneira de multiplicar informações histórico-culturais, bem como deixar esse I Encontro marcado nos anais da história serrana.

Sentimos a importância de apresentar não apenas conteúdos históricos formais, mas também a história recontada pelo próprio povo serrano e amigos do Serro, assim como as manifestações culturais e artísticas por meio da arte, da música, da dança, literatura, fotografia e até mesmo da culinária típica. 

Assim, fazer parte nesse projeto pioneiro foi muito importante para mim ao me proporcionar um relacionamento mais estreito com meus conterrâneos, que não só compraram a ideia do evento, mas também se disponibilizaram a compartilhar os seus conhecimentos no I Encontro. Agradeço à moderadora do Planeta Serro, Maria Loreti ou melhor, Senhorinha de Guido e Dona Tuca, por me conceder essa oportunidade única de poder ajudar a fazer algo pelo Serro. Gostaria de aqui registrar o grande apreço que tenho pelo Planeta Serro – Serranos no Mundo, desde sua criação, ao me possibilitar um retorno às minhas origens, interação com o povo serrano e até a participação em assuntos relevantes, como foi a campanha do asfalto Serro-Conceição do Mato Dentro. Para mim, o Planeta Serro representa um marco na história serrana, ou melhor, um divisor, em que o Serro é outro desde o nascimento do Planeta Serro, em 2011, que chegou para congregar os serranos presentes, ausentes e amigos do Serro, com os olhos e o coração voltados para a nossa cidade.

Nanza Melo e Sr. Luiz Paletó

Obrigado Meméia. Maria Loreti, entendemos ser da maior importância reverenciar e resgatar nossa história. Ainda mais sendo ela secular. Queríamos saber em que momento surgiu e o que inspirou a ideia de fazer o I Encontro de História e Cultura do Serro?

A ideia desse Encontro de História e Cultura do Serro 2019 surgiu dentro do Grupo Planeta Serro, a partir de uma postagem da Maria Amélia Cunha, onde ela convidava aos historiadores serranos, entre eles o Ariel Lucas Silva e Ricardo Lucio Castiglione, a pesquisarem sobre o local de nascimento de JK, se ele teria mesmo nascido no município do Serro, conforme várias falas de serranos. Em novembro 2018, nessa postagem, o Ariel Lucas sugeriu a realização de um Encontro. Achei a ideia do Ariel excelente e senti que o momento era oportuno, já que em janeiro teríamos a data histórica do aniversário do Serro de 305 anos de elevação de Arraial a Vila do Príncipe. Desde o início do grupo, sentíamos a importância de se realizar um encontro dos membros, ideia muitas vezes discutida no Grupo e chegou até mesmo a acontecer um pequeno encontro em 2011 no Serro. Convidei então os membros do Planeta Serro, Ariel Lucas e Meméia, para nos unirmos no planejamento e organização do Encontro. Apresentei a ideia à Pousada D. Tuca, que é de propriedade de minha familia. Minha mãe e a minha irmã Jaqueline aceitaram a parceria imediatamente, cedendo o espaço para a realização do Encontro.  

Edna Freire fala do seu pai Zé Congonha.
Foto: Félix Tolentino

Por causa da distância entre nós, para reunirmos nesse projeto, criamos um grupo no WhatsApp onde se desenrolaram todas as discussões acerca do evento. Nesse fórum, cada um de nós levava suas ideias e sugestões de temas. A nossa empolgação foi tanta, que de repente sentimos a necessidade de ir além de levar ao Encontro somente estudiosos para falar da nossa história, como foi à ideia inicial do Ariel. E trocando ideias com Meméia, sentimos a importância de alinhar a esses estudiosos, os nossos sábios populares, a nossa cultura popular, a história do nosso povo, mostrar a nossa arte, literatura, artesanato, o queijo e a música dos nossos conterrâneos, valorizando ainda mais o que é nosso. Surgiu também a ideia de um almoço e, a convite do Planeta Serro, a Marcia Nunes do Restaurante Dona Lucinha, que já havia aceitado o nosso convite para lançar o seu livro durante o nosso Encontro, se juntou a nós com toda prontidão e carinho, já montando um cardápio típico serrano e orquestrando tudo junto a Maria Augusta. E assim o evento acabou tomando uma proporção bem maior que a ideia inicial. De imediato começamos a convidar membros de nossa comunidade e a cada convite aceito era uma só alegria ao sentirmos que essa iniciativa do Planeta Serro, de realizar o Encontro, tinha plena aceitação por parte de todos, que se mostraram felizes com o nosso convite para compartilhar conosco um pouquinho de seus saberes e nos deixando assim honrados com a sua participação. Como disse a Doia Freire durante a sua palestra: “a comunidade é a melhor guardiã de seu patrimônio cultural.” 

A programação foi extensa e de excelência. Qual a avaliação final de vocês quanto à realização do Encontro? 

Fizemos uma avaliação super positiva, principalmente por ser o primeiro Encontro. É claro que, como em tudo, temos espaço para melhorias, apesar de que nada em nenhum momento tirou o brilho do evento. Alguns pequenos ajustes podem ser feitos para a próxima edição. Os temas apresentados pelos participantes foram riquíssimos e muito interessantes.

Começando pela abertura na sexta-feira, dia 25 de janeiro, a noite, onde a convite do Ariel, o professor Eduardo Paiva, do Departamento de História da UFMG e também diretor do Centro de Estudos sobre a Presença Africana no Mundo Moderno CEPAMM-UFMG, levou a todos os presentes a uma verdadeira viagem ao túnel do tempo, uma volta às nossas origens com o tema “As Minas Gerais e as Culturas Mestiças”.

A seguir, a convite do Planeta Serro, tivemos o lançamento do  livro da Márcia Clementino Nunes, “Festa do Rosário do Serro”, que segundo a Marcinha, é a mais antiga expressão religiosa e popular mineira. Durante o lançamento tivemos a presença dos dançantes Catopês, que foram homenageados pela autora.

E o Encontro continuou no sábado de manhã (dia 26) com um delicioso Café Colonial, que foi cortesia exclusiva da Pousada D. Tuca. Depois do café, foi a vez dos expositores convidados pelo Planeta Serro falarem sobre a sua arte, seus livros, e produtos. Trabalhos lindos, feitos com muito carinho pelos expositores, como por exemplo a maquete miniatura do Projeto Raízes de Minas, do Sergio Barbosa onde o cuidado e atenção aos detalhes de retratar o Serro do século passado são fantásticos. Estiveram conosco as Bordadeiras da Barra da Cega, com seus lindos bordados e as miniaturas em madeira e camisetas com temas do Serro da Tânia Augusta e Camila Simões. Também presente as maravilhosas pinturas a óleo com temas do Serro e em acrílica no MDF das irmãs Luana e Leticia Simões, além da presença da Cedia-Criaser e o belo artesanato do Cláudio Ferreira. Queria citar aqui as lindas exposições de fotografia durante o evento, que foram “Fazendas do Serro” da AASER, fotografadas pelo Félix Tolentino, e “Serro, um outro olhar...” da fotógrafa Sônia Dayrell, que, diga-se de passagem, contribui com fotos maravilhosas do Serro diariamente no Planeta Serro. Obrigada Sônia!

Fátima Batista declamando sua poesia em homenagem ao Serro, feita para o encontro

Participaram também nossos queridos escritores serranos que levaram suas obras. Só para citar alguns: Exposiçao do livro, “Valores do Serro”, de Dona Lourdes Pires por seus filhos, Fernando Pires e Ruth. Lançamento do “Guia Cultural do Serro”, pelo Moisés, do Circuito Cultural do Diamante. Catálogo “Museu Casa dos Ottoni”, distribuição gratuita pelo Carlos, do Museu que nos deu a maior força. Catálogo “Exposição RUSÁ”, distribuição gratuita pelo Tiago Nunes, do Movimento Aurea. “Lobo de Mesquita no Museu da Música de Mariana”, exposição da Merania Oliveira. “Uns Versinhos: A vida em poesia e prosa”, obra de Dom José Pedro, adaptado pela Luiza Marilac Ramos da Silva. E o livro “Serro, Serranos e Eu”, do José Clauver, falando do nosso povo querido.

Representantes do Planeta Serro com Governador Anastasia

Tivemos também documentários: Documentos históricos do Serro - Iphan Serro e “A História do Queijo do Serro”. Filme. IEPHA. E não poderia faltar a exposição e degustação do nosso delicioso Queijo do Serro Artesanal, dos produtores Eduardo Melo, Tulio Madureira e do Queijo Cedro, da Grizielle Campos. Para acompanhar o bom queijo, a cachaça Menina Branca, do Marcelo e Maíra.  

Logo após, reiniciamos  o ciclo de palestras com a Dra. Maria Coeli Simões Pires, professora de Direito da UFMG, pesquisadora e autora do Dossiê de iniciativa de abertura do processo de registro da tradição do Queijo do Serro como Patrimônio Cultural do Brasil, que nos deliciou com o tema “Memoria e Arte do Queijo do Serro: o saber sobre a mesa”. Entre outros pontos, ela fez uma análise do processo de afirmação histórica e cultural do queijo mineiro e suas origens no mundo das fazendas da Vila do Príncipe. "A comunidade é a melhor guardiã de seu patrimônio cultural", do Aloísio Magalhães, anos 1970/80, foi outro tema abordado no nosso evento pela Doia Freire, quem aceitou o convite do Planeta Serro com muita alegria. Doia é historiadora e foi técnica pesquisadora da Fundação Nacional Pró-Memória (atual IPHAN), por dezesseis anos, entre as décadas de 1980/90. Nesse período, coordenou projetos no Serro e no distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, entre outros, pela instituição. 

Outro tema abordado foi: A educação nos primeiros anos da república no Serro, de 1889 a 1895. Danilo Arnaldo Briskievicz (IFMG). Danilo Arnaldo é mestre em Filosofia Política pela UFMG e doutorando em Educação pela PUC-Minas. Publicou a Arte da crônica e suas anotações sobre a história do Serro e Violência e poder em Hannah Arendt. Professor de Filosofia do IFMG. Pesquisa atualmente as interfaces entre filosofia e educação, educação e história e filosofia e arquitetura. 

O Ariel Lucas Silva palestrou sobre o tema da Cultura religiosa na Vila do Príncipe: os irmãos do Rosário do Serro nos séculos XVIII e XIX. Ele está se doutorando em História pela UFMG e Mestre em Cultura e Sociedade pela UFBA. Integrante do Centro de Estudos sobre a Presença Africana no Mundo Moderno-CEPAMM-UFMG, tem experiência nas áreas de Cultura, Sociedade e História, com ênfase na História de Minas Gerais e conexões com África, atuando, principalmente, nos seguintes temas: cultura religiosa, escravidão, história social da cultura, patrimônio cultural e dinâmicas de mestiçagens culturais. 

Catopês

O tema, “Maria Eremita e Aluísio Miranda, o Serro contado para as futuras gerações”, foi abordado pelo historiador Ricardo Lúcio, que fechou o ciclo de palestras. 

Para encerrar a parte da manhã, tivemos um debate sobre as palestras apresentadas e a maravilhosa participação da Banda Santíssimo Sacramento do Serro, que abrilhantou ainda mais o nosso Encontro. Queria parabenizar ao Maestro Diney e todos os músicos. Depois da apresentação da banda, começamos o nosso almoço preparado para 150 pessoas. A Marcinha do restaurante Dona Lucinha e a Maria Augusta capricharam no cardápio, valorizando a culinária local. Empadão, tutu, pernil a pururuca, tudo delicioso além dos pasteizinhos folheados da Dona Dalva.

Depois do almoço, a convite do Planeta Serro, membros da nossa comunidade entre estudiosos e sábios populares fecharam o evento com chave de ouro, com muito brilho e emoção durante a “Tarde dos Saberes compartilhados”. Cada um falando com muito carinho sobre cada serrano especial que marcou o dia-a-dia da nossa comunidade, ou se dedicou a nossa querida Serro. Convidados como o Sr. Luís Paletó, que com 97 anos de idade contou seus “causos” e encantou a todos e disse: “Se você não quiser morrer, vá para o Serro, porque lá a morte está presa na cadeia”.

Projeto Raizes de Minas.
Foto: Antônio Eustáquio de Resende

Gostaria de deixar registrado aqui a lista completa dos nossos convidados e suas falas que ficaram marcadas para sempre como um ponto alto durante esse Encontro em que valorizamos a nossa gente, a nossa terra:

  • A História da Banda de Música Santíssimo Sacramento do Serro - pela Joyce Costa, que também faz parte da Banda;
  • Muita emoção quando a Lúcia Araújo, Rosinha Fagundes, Iria Wânia de Oliveira e Dra. Maria Coeli recordaram os festivais de música no Serro;
  • Carlinhos Dumont também emocionou a todos ao tocar e cantar o “Hino do Serro”;
  • Voz e violão, Fernando Dayrell, músicas de sua autoria, incluindo “Saudades do Serro”;
  • Zulu  e sua paixão pela música na voz de seu filho, Rogério Clementino.
Prefeito do Serro Guilherme Simões com equipe do Planeta Serro e da Pousada Dona Tuca

 “Causos”  

  • Serro Antigo, na voz Senhor Luiz Paletó;
  • Juquinha do Corte, lembrado por Guilherme Simões;
  • O amigo França Júnior, por Helton Magalhães, que conviveu com ele diariamente.

Cultura religiosa 

  • Hino a Nossa Senhora do Rosário  na voz de Iaiá de Olinda 
Palestras Prof. Eduardo Paiva - UFMG 
Foto: Tadeu Rodinelli

Serranos de nossos tempos 

  • Dom José Pedro de Araújo Costa, na visão da escritora Luiza de Marilac Ramos da Silva
  • O grande memorialista serrano, professor Geraldo de Azevedo Freire, na voz do seu filho, Dr. Armando Freire 
  • Quem foi “Zé Congonhas” - Edna Freire quem emocionou a todos falando do seu pai.
  • “Dr. Tolentino, não conheci Santo com maiores virtudes” - Félix Tolentino fala sobre o avô
  • José Clauver – Serro e Serranos. José Clauver carinhosamente falou de muitos serranos que são nossos familiares, vizinhos e amigos que fizeram parte da nossa infancia até os dias atuais. 
Foto: Félix Tolentino

Serranos de outros tempos:

  • Impressões sobre o Maestro Serrano Lôbo de Mesquita e a Música Setecentista Religiosa no Serro por João Evangelista de Oliveira 
  • Artista colonial Mestre Valentim da Fonseca/crônica do poeta serrano Murillo Araújo - Luiz Dumont
  • Cidade da Lapa, Paraná: Respeito e admiração pelo Serro, terra-natal do General Ernesto Gomes Carneiro - Vera Míriam de Oliveira conta sobre a sua viagem a Lapa.

Poesia 

  • “Sobre o Serro”– declamada por Fátima Batista, que escreveu essa poesia especialmente para o Encontro 
  • “Ingênua Piedade” (Lucinda Costa) declamada por Dôra Magalhães, essa poesia feita há décadas foi uma homenagem aos três padres do Serro: José Gonçalves, Padre Lúcio e Cônego Júlio. 
  • “Eu, por mim mesma” (Marta Freire) declamada por Das Graças Murta, de improviso 
Foto: Nanza Melo

No final, durante a apresentação da Banda de São Gonçalo do Rio das Pedras, convidada pelo Planeta Serro especialmente para o Encontro, os que estavam presentes se levantaram e de mãos dadas cantaram o Hino do Serro, em um momento de uma grande emoção. Encerramos com um show pirotécnico para marcar o fim deste Encontro inesquecível!

Diante de tantos feitos, qual o legado que o Encontro deixa para a cidade?

A cultura e o conhecimento são os maiores legados que esse Encontro deixa para o Serro! Durante esses dois dias 25 e 26 de janeiro, além do grande aprendizado sobre nossa história e nosso povo, conseguimos gerar novas oportunidades para a diversidade artística do município, promovendo um novo atrativo à população local e aos turistas. Nas palavras do prefeito do Serro, Guilherme Simões: “O evento realizado na Pousada Dona Tuca foi uma demonstração de delicadeza para com a Cultura e a História da nossa querida Vila do Príncipe. Uma verdadeira viagem às origens, uma feira cultural. Da grande aula do professor Eduardo, especialmente explicando a nossa miscigenação, ao show da Jovem Guarda Serrana, com Lúcia, Rosinha, Wânia e Cia. O Serro agradece e se orgulha da realização desse Encontro, na essência do Alto Azul do nosso Espinhaço!“

Houve apoio de patrocinadores para a realização do Encontro?

Não. A ideia era realizar um evento para comemorar os 305 anos de elevação de Arraial a Vila do Príncipe e entendemos que essa deveria ser uma preocupação da Prefeitura, mas eu através do Planeta Serro, me prontifiquei a realizar este I Encontro sem nenhum patrocinio,  e arcar com todos os custos desse I Encontro, assim como solicitei à administração do Município do Serro a Inclusão do Encontro de História e Cultura do Serro no calendário anual de eventos da cidade.

Dá para fazer um balanço da presença e participação da população do Serro no Encontro?

É muito importante a participação dos Serranos ausentes e dos que moram no Serro, em eventos como esse. O grande número de participantes do Encontro foram serranos ausentes e turistas, sendo tímida a participação dos moradores da cidade. Quem foi amou, como por exemplo a Soraia Evangelista, que saiu de Belo Horizonte somente para curtir o Encontro.  Ela diz na sua postagem sobre o evento no Facebook, que “Foi tudo muito bom! A junção da informação com a descontração fez com que me sentisse em uma Universidade a céu aberto. Cada frase, cada palavra, objeto e sorriso trouxe a história com o ar contemporâneo. Fatos e causos são registrados através da escrita e da oralidade. Um não se perpetua sem o outro. E a história do Serro é contada assim. Parabéns ao organizadores e participantes. E que venham outros encontros.” 

Gostaria de  fazer um apelo aos  nossos queridos conterrâneos: “Participem do que acontece na nossa cidade, sua presença é muito importante. Seja em eventos como esse, ou nas reuniões na Câmara, participem e ajudem a construir a nossa história. Ela é feita por nós, nas ruas, nas casas, nos encontros. Esperamos por você, serranos presentes, ausentes ou amigo do Serro no nosso próximo Encontro ou em qualquer outro evento  promovido pelo Planeta Serro. Sua presença vai fazer toda diferença para nós.” 

Os objetivos foram alcançados? 

Não somente foram alcançados, mas acho que foram além das expectativas. Pudemos ver em cada sorriso, em cada canto da Pousada a satisfação de todos que estavam ali. Como me disse a Dra. Maria Coeli Pires “o evento, esteja certa, cumpriu fielmente os objetivos e, certamente, até os transcendeu. Preciosas sementes lançadas no seio da nossa terra, de tantos veios de riquezas guardadas pelo recato de nossa gente!”

Bom, para finalizar, tudo gerou uma grande expectativa para o próximo Encontro de História e Cultura do Serro. Quando será e qual as diretrizes que vocês darão à próxima edição?

O Planeta Serro é um grupo grande com uma grande diversidade de membros. Penso que é importante ouvir a opinião de todos e dar oportunidade a diferentes pontos de vista e ideias, sempre tentando inovar e criar. Vamos ver o que vem por aí. Temos excelentes ideias que brotaram dentro do Planeta Serro, assim como a desse Encontro e que estão lá só esperando para serem realizadas e tiradas do papel também. Trabalharemos também em cima de outras ideias brilhantes que muitos têm sugerido ao longo desses oito anos de existência do Grupo, para darmos oportunidades a todos e assim tentar unir cada vez mais a comunidade serrana.

Banda Santíssimo Sacramento

Para finalizar, gostaria de agradecer a todos que participaram e compareceram ao Encontro. Vocês foram o verdadeiro sucesso do evento!!! Agradeço a Maria Amélia Cunha (Memeia) e Ariel Lucas Silva por toda a colaboração na organização do Encontro. Em especial, a Memeia que além de toda a criatividade, se superou fisicamente em ocasião do Encontro, viajando ao Serro uma vez que não se encontrava bem de saúde. Obrigada Memeia! Você brilhou representando o nosso Planeta Serro! A toda equipe da Pousada D. Tuca, por meio da Jaqueline, que se desdobrou preparando tudo e recebendo a todos com muito carinho, junto com o meu irmão Marcelo lá na Pousada - no antigo Matadouro de Guido de Juquinha de Corte, que sem dúvida faz também parte da história serrana e constitui o palco de origem da família Araújo Costa. Agradeço a Marcia Nunes, do restaurante Dona Lucinha por todo apoio. A Maria Augusta e sua equipe, assim como o Café da Praça do Serro, que montou o bar e a cozinha de apoio durante o evento. Agradeço a toda a turma dos “bastidores”. Desde a cortesia da criação do cartaz de divulgaçao pelo Andre Orandi à equipe que ajudou a montar a belissima estrutura do evento. Desde a bela decoração dos jardins com as tendas que foi feita pela Nanza Melo e seu filho Jonas, a delicadeza dos arranjos de flores naturais feita pela Mary Moreira, a equipe de som do Levi, a locução do evento feita por cortesia pela Nanza e toda filmagem e fotografia dos dois dias do evento que foi também cortesia do generoso Felix Tolentino. Agradeço a equipe do Corpo de Bombeiros pelo excelente trabalho durante o evento. Ao Pr. José Dasdores, vice-presidente estadual da Igreja do Evangelho Quadrancular, que orou abençoando o evento e o Pr. Daniel Ernane, da Assembleia de Deus.

Então, “GRATIDÃO” é a palavra do momento! Só tenho a agradecer a todos por tantas coisas boas que aconteceram nesses dois dias mágicos, inesquecíveis, de muito engajamento, solidariedade e motivação.

Pra terminar, aproveito a oportunidade e convido a todos para curtir  a nossa Página e acessar o  Grupo no Facebook PLANETA SERRO-SERRANOS NO MUNDO e se tornar membro da nossa Praça João Pinheiro virtual, que, em breve, para melhor servir também a comunidade Serrana que não tem acesso ao mundo virtual,  se tornará uma Associação/ONG. Vem muitas novidades por aí em prol da nossa terra querida, a nossa Vila do Príncipe, o nosso Serro de Minas Gerais! Muito obrigada! Até a próxima!

Maria Loreti

 

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