Vila Deputado Augusto Clementino. A Montanha dos Bem-Aventurados.
17.07.2018
Distrito de Serro, a vila guarda a lembrança dos desbravadores bandeirantes e religiosos. Ambos ocuparam essas montanhas da Serra do Espinhaço em busca de riquezas e propagação da fé católica. O local se destaca, hoje, na agricultura e na tradição do artesanato e da carpintaria e respira religiosidade.
A partir de 1966, a antiga Vila de Mato Grosso mudou seu nome para Distrito Deputado Augusto Clementino, em homenagem ao médico e deputado serrano.
Mato Grosso, como é ainda chamado pelos antigos, foi talhado nas serras de Minas como um auto de fé. A vila é composta por dois núcleos urbanos: o núcleo central onde fica a Capela de São Sebastião, e o núcleo da Capelinha. No núcleo central são realizadas as festas do Padroeiro, no mês de abril e a de N. S. do Rosário, em setembro.
O núcleo da capelinha é pura devoção a Nossa Senhora das Dores. O morro, com aproximadamente 930 metros de altitude, preserva um cenário sagrado e misterioso, marcado pelas graças alcançadas na Capelinha da Serra do Carola, na montanha dos Bem-Aventurados. Uma vez por ano, romeiros movidos pela fé celebram o jubileu, o que transformou esse pequeno lugarejo em uma das mais singulares comunidades de Minas.
Origens do jubileu
A população local conta que um devoto chamado Osvaldo de Gulim assentou um cruzeiro de madeira no pico da montanha. No início do século passado, fieis passaram a enfrentar uma dura caminhada de 3 km na trilha íngreme em direção ao cruzeiro, como penitência e súplica de graças a Nossa Senhora das Dores. Com o tempo, correu a notícia de que muitas graças e milagres eram alcançados nesse lugar, o que atraiu também pessoas de outras regiões.
A propagação da fé e o aumento da movimentação de peregrinos estimularam os devotos Expedito e José Nicodemus a somarem esforços com o Sr. Osvaldo e, juntos, construíram a capela em uma área doada por Romão Eduardo dos Santos.
Há décadas é realizado ali o jubileu anual em homenagem a Virgem. O local preserva ainda hoje a religiosidade da população e dos visitantes, em busca de paz interna e do espírito religioso.
Igreja de Nossa Senhora das Dores Serra do Caroula
Barraquinhas de devoção e descanso
Com muitas graças acumuladas nas celebrações anuais do Jubileu, que acontece entre o segundo e o terceiro domingo do mês de julho, alguns peregrinos construíram pequenas casinhas ao longo da trilha, que eles chamavam de barraquinhas. Elas serviam de alívio para o cansaço das subidas e descidas diárias pela ladeira íngreme e um modesto lugar de pouso para as famílias dos fieis durante os sete dias da festa.
As barraquinhas foram construídas, inicialmente, de forma simples, em madeira ou sapé, com apenas um cômodo, para serem usadas apenas durante o jubileu.
Com o tempo, alguns ergueram paredes em pau-a-pique, adobe ou tijolo. As dezenas de minúsculas casinhas torneiam a montanha e compõem um traçado em espiral, em direção à capela de Nossa Senhora das Dores, solenemente assentada no pico que, hoje, se transformou no Santuário de Nossa Senhora das Dores.
O chão batido, o fogão de tabatinga no lado de fora, algumas sem reboco, outras caiadas em branco e os variados enfeites em homenagem a Nossa Senhora formam um cenário místico em torno da capelinha e criam uma aura de magia a este singelo conjunto arquitetônico.
No restante do ano, fora da temporada do jubileu, as casinhas permanecem fechadas e conferem à vila um ar de cidade fantasma. Hoje, as construções estão sob os cuidados da Diocese, que, oficialmente, é sua proprietária. O espírito de fé e religiosidade que emana daquele ar montanhoso e sagrado encanta o visitante.
Vale a pena visitar esse lugar para uma breve parada no tempo. Além de uma vista deslumbrante do alto da Serra, os visitantes de fé ainda recebem as graças de Nossa Senhora das Dores. Isso sem contar o seu entorno com rios, cachoeiras e uma rica flora e fauna.
Outros atrativos próximos ficam por conta da Cachoeira da Pedra Lisa, com um paredão majestoso, piscina natural, grande volume de água, uma vista privilegiada e matas nativas; Cachoeira do Buraquinho, Cachoeira do Sítio Riacho das Pedras, Cachoeira do Malheiros e Pedra Redonda.
A Vila Deputado Augusto Clementino, (Mato Grosso) fica a 15 km do Serro, pela MG 010, estrada que liga Serro a Conceição do Mato Dentro e a capital, Belo Horizonte.
A singela Vila conta com uma diminuta estrutura de serviços regulares de turismo. Mas, definitivamente, isso não faz falta alguma. Talvez, até mesmo por esta razão é que este pequeno lugar tem se mantido praticamente intacto e faz parte dos destinos de interesse turístico mantidos pela Prefeitura Municipal de Serro.