Siracusa - Cultura grega no Sul da Itália
22.11.2021
Na sequência do roteiro pelas cidades antigas da Sicília, visitamos Siracusa, poderoso porto marítimo, da Itália de hoje, na região chamada de Magna Grécia, na antiguidade.
A Polis de Siracusa é um centro histórico produtor e reprodutor da cultura grega. Três mil anos de história produziram gênios da humanidade na Matemática, Física e Filosofia, como, por exemplo, o matemático e físico grego, Arquimedes.
A antiga Cidade-Estado foi um dos palcos de eventos históricos marcantes, como a Guerra do Peloponeso, envolvendo principalmente Athenas e Esparta. Com apoio dos Persas, Esparta derrota Athenas e inicia-se o período de enfraquecimento das Cidades-Estado gregas.
Siracusa fica no Sul da Sicília. Ponto estratégico de comércio, onde o Mar Jônico se encontra com o Mediterrâneo, a cidade é decantada e prosa e verso nas tragédias gregas e referenciada pela maioria dos filósofos da antiguidade, inclusive Sócrates, Platão e Aristóteles. Platão esteve algumas vezes em Siracusa para tentar, junto ao Tirano Dionísio, aplicar sua famosa tese da República governada por filósofos. Frustrado e sem êxito, Platão se desilude com a política a partir da experiência em Siracusa.
Siracusa é também a terra natal de Santa Luzia, a protetora dos olhos. A dramática história de Luzia, nascida em Siracusa no ano de 283, conta da perseverança de sua fé cristã. Negando a adoração dos deuses pagãos imposta pelo Imperador romano Diocleciano, Luzia, após ter sido decapitada, teve seus olhos arrancados e entregue em uma bandeja ao imperador. No dia 13 de dezembro celebra-se a morte da mártir Santa Luzia em todo o mundo cristão.
Em cada rua, praça, anfiteatro e templo percebe-se a magia das lendas e mitos antigos. Ali ainda se encontra, praticamente intacto, um dos maiores teatros gregos da Antiguidade, hoje um local preservado, chamado Parque Arqueológico dela Neapolis, com as arquibancadas escavadas nas pedras e um efeito acústico de impressionar os engenheiros de som da atualidade.
Com o mesmo fenômeno acústico está a chamada “orelha de Dionísio” (Orecchio di Dionisio), uma incrível formação rochosa em forma de gruta, que se assemelha a uma orelha. Utilizada como prisão, a lenda diz que o Deus do Vinho conseguia ouvir, do lado de fora, o que os prisioneiros sussurravam lá dentro. A Experiência acústica é impressionante.
No centro da Cidade, o lendário Templo de Apolo conta parte da história. No que hoje são apenas ruínas, o templo já foi transformado em igreja bizantina, romana, em mesquita e até em quartel durante a ocupação espanhola na ilha.
Um passeio pelo calçadão beira-mar de Ortígia, ligada à cidade por uma ponte, nos transporta para o tempo em que a região do Mar Jônio e Mediterrâneo era o centro do mundo antigo e além deste. Estar ali emociona e nos põem a imaginar a fervilhante riqueza da cultura greco-romana antiga nesta parte do mundo.
A Piazza Duomo também é para ser desfrutada a pé, passo a passo. Cercada por construções no estilo barroco, chega-se lá por ruelas estreitas que, de repente, se abre em uma enorme praça da Catedral, com uma das mais imponentes construções barrocas de toda a Sicília. Também, no mesmo estilo está o caminho para o bairro judeu, com o mercado local de peixes e frutas eternizando as práticas e a culinária mediterrânea.
Os cozinheiros de Siracusa eram famosos. A cidade é considerada pelos historiadores como a primeira escola de culinária do Ocidente. Os pratos são totalmente mediterrâneos. A base da comida é queijo (especialmente a ricota), massa, pão, azeite, pescados, amêndoa e, claro, muito vinho de qualidade. A caponata (berinjela assada com azeite e temperos) e as ovas de cavatelli são reverenciadas como primor da culinária local.
Cidade polo e centro nevrálgico da cultura greco-romana, Siracusa é destino inesquecível para o viajante sensível e atento à História da civilização.