Alto Jequitinhonha: Autêntica experiência mineira


16.05.2021

Não por acaso, o mundo inteiro se apaixona pela região do Alto Jequitinhonha. Há um encantamento magnético nas suas características que, historicamente, atrai pessoas e interesses.

Natureza singular, vida pacata, costumes tradicionais, calor humano e espírito religioso do povo compõem a identidade desta porção pedregosa de altitude das Minas Gerais.

A cidade tricentenária de Serro, um dos berços de Minas, mantém intactos os casarões se entrecruzando em janelas, beirais e telhados, em harmoniosa arquitetura, verdadeiras réplicas tropicais das vilas do Portugal antigo.

As famílias tradicionais registram seus descendentes com até quatro ou cinco sobrenomes de gerações que o antecederam, para perpetuar o orgulho e a glória dos pioneiros. Este é o valor que o serrano dá à sua terra e à sua história.

As festas afro-brasileira e indígena são preciosos resgates históricos da sociedade opressora do período colonial. Cavalgadas, foguetórios e o famoso queijo do Serro, tudo isso se reúne em um mosaico incomparável de cultura e tradição genuinamente mineiras.

A natureza do entorno não deixa por menos. Cachoeiras escorrem nas montanhas como fios de prata entre pedras regando e trazendo vida à vegetação do cerrado.

A população é servida por águas cristalinas de puras nascentes, que garantem lazer e qualidade de vida para a comunidade, além de movimentar o turismo, ainda com imenso potencial de exploração.

São Gonçalo do Rio das Pedras

No espírito do Alto Jequitinhonha de preservar, buscar a paz e evitar a violência dos grandes centros, fica o sereno distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, entre Serro e Diamantina.

Com arquitetura singela, ruelas tortuosas, casas simples e bem cuidadas, o hospitaleiro distrito se assenta delicadamente, a 1.150 metros de altitude, nas entranhas da Serra do Espinhaço.

A vila, antigo pouso de tropeiros, é mineiridade autêntica. A comunidade leva a sério sua cultura tradicional e mantém vivo o resgate de sua história, bravamente gravada com o suor nas pedras da Serra. Os costumes locais e o cenário colonial são como bandeiras, um patrimônio da população.

No desordenado mundo de hoje, onde o ser humano vale menos do que as coisas, em São Gonçalo ainda se preserva a delicadeza do convívio harmônico e respeitoso entre as pessoas. A hospitalidade é espontânea, desde o sorriso de um simples “bom dia”, até a profunda sabedoria e o alto grau de religiosidade dos anciãos.

Passear pelas ruas é viajar no passado colonial. Faz-nos lembrar a grandeza da vida simples, hoje tendente a se perder.

A pacata vila guarda praticamente intacta sua cultura ancestral e não abre mão de manter acesa a consciência ativa de preservar seus costumes tradicionais, a paisagem urbana e a natureza.

A comunidade reconhece e valoriza o silêncio, inclusive e, especialmente, como um patrimônio diferencial para o turismo. À distância, se ouve passarinhos, galos e curiangos.

As pousadas charmosas e aconchegantes recebem os visitantes, que sempre retornam. Festivais de gastronomia, festas religiosas, cachoeiras no seu entorno, restaurantes e bares disputando a excelência da melhor cozinha regional, artesanato de capim dourado, doces, vinhos, cachaças de frutas, são produtos que, de tão regionais e singulares, alcançam a dimensão universal, trazem riqueza e garantem emprego e renda.

Preservação ou transformação?

Como ocorre em diversas localidades no país onde há riqueza mineral, a comunidade do Velho Serro do Frio se divide entre os que defendem preservar suas características e os que se seduzem aos apelos da exploração econômica dos recursos naturais, com investimento de capital intensivo de grandes corporações.

Parte da população, incluindo comunidades tradicionais, não se arreda da luta para preservar as terras, as águas e a forma de vida tradicional. A aposta, que se tornou movimento, é para um futuro economicamente sustentável, por meio da agricultura familiar e do turismo, setores ainda a serem planejadamente trabalhados.

Do outro lado estão os que creem ser a exploração do sub solo uma fonte indispensável de crescimento e enriquecimento para a população.

Neste momento, ainda é difícil afirmar que um desses modelos de desenvolvimento possa conviver harmonicamente com o outro.

Com tudo isso, a região do Alto Jequitinhonha reúne singularidades que a faz diferente de tudo o que conhecemos. Por isso encanta a todos de todo o mundo. Uma autêntica experiência mineira. Boa viagem!

Paulo Queiroga

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