Dor de Cabeça
19.11.2019
A dor de cabeça ou cefaleia talvez seja o mal que mais acomete a Humanidade. Ela pode ser classificada em primária e secundária. A enxaqueca e a cefaléia tensional são cefaleias primarias e acometem grande parte dos povos do planeta. As secundárias são causadas por inúmeros fatores que vão desde uma ressaca até um tumor ou hemorragia cerebral. Assim, a dor de cabeça pode ser um fato banal ou sinal de doença. Quando ocorre dor intensa ou persistente é fundamental a avaliação médica.
Vamos abordar aqui apenas a cefaléia tensional e a enxaqueca. A cefaleia tensional é geralmente dor difusa, de leve a moderada intensidade, muitas vezes descrita como sensação de faixa apertando o crânio. É o tipo mais comum de dor de cabeça e cerca de 38% a 74% dos brasileiros sofrem com essa cefaleia. Acomete principalmente o indivíduo adulto e preferencialmente as mulheres. É geralmente bilateral e localiza-se, principalmente, nas regiões frontal e occipital. Trata-se de dor surda e persistente, descrita como uma sensação de peso, pressão ou aperto. É frequente a cefaléia tensional nos pacientes deprimidos e ansiosos. Dores de cabeça tensionais são geralmente desencadeadas por algum tipo de estresse de origem externa ou interna.
O tratamento primário consiste no combate à ansiedade e depressão, que geralmente estão associados à cefaleia tensional. Isso é feito por meio de psicoterapia e técnicas de relaxamento. O tratamento medicamentoso é realizado por meio de antidepressivos e tranquilizantes.
A enxaqueca ou migrânea é a cefaléia de forte intensidade, unilateral, pulsátil ou latejante, acompanhada de náusea, vômitos e intolerância à luminosidade e sons altos. Afeta grande parte da população mundial e é mais comum em mulheres. Pode iniciar-se na infância e é rara aparecer depois dos 45 anos. Mais da metade dos pacientes com enxaqueca apresentam histórico familiar, indicando que trata-se de doença hereditária.
A freqüência das crises pode variar de crises raras a várias crises semanais e geralmente persistem por menos de um dia. São muitos os fatores que podem precipitar ou agravar as crises, como: tensão, alterações hormonais, alimentos e hipoglicemia. Poucos minutos antes de iniciar a dor, muitos pacientes apresentam distúrbios visuais.
A enxaqueca é causada por um desequilíbrio químico no cérebro que envolve hormônios e substâncias denominadas peptídeos e neurotransmissores. Muito se sabe a respeito da enxaqueca e muito pode ser feito pelo paciente que sofre dela, mas não há cura completa e satisfatória. A enxaqueca não destrói a vida, mas pode destruir a alegria de viver. Por tal motivo é fundamental o tratamento com o especialista (neurologista). O tratamento consiste em medidas quanto aos hábitos de vida e o uso de medicamentos. Felizmente, nos últimos anos, foram desenvolvidas algumas drogas potentes para o combate das crises de enxaqueca ou para a sua prevenção.
Em conclusão, frente a um quadro de dor de cabeça, o fundamental é procurar um médico, que por meio de exames determinará se a cefaleia é primária (cefaléia tensional, enxaqueca) ou secundária (consequente a uma doença ou lesão). Apesar da cefaléia tensional e da enxaqueca não terem uma cura definitiva, elas podem ser controladas por meio de tratamento adequado.
Dr. Sebastião Gusmão
Professor Titular de Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG
Tel: (38) 3531-4016