entrevista com joão marcos Otoni Seabra de Souza, presidente da câmara de conceição do mato dentro
14.07.2017
Como Presidente da Câmara, um Presidente tão jovem, qual o maior desafio você encontra na Câmara hoje?
Penso que trazer a população pra dentro da Câmara, fazer a população participar é mais do que um desafio é a maior necessidade da Câmara hoje.
Quando a população participa ela sabe o que realmente está acontecendo e ainda contribui para que o processo seja mais transparente. Caso contrário, ela se torna alheia a todo o processo e fica vulnerável aos processos de manipulação.
Os destinatários de todo o produto do trabalho do Legislativo são os cidadãos, então nada mais justo do que eles participarem ativamente dos processos de discussão. E, com base nisso é que a Câmara investiu na melhoria e acessibilidade do site, deu uma repaginada no Facebook, tem o Parlamento Jovem, publica o dia-a-dia da Câmara no Instagran, transmite ao vivo todas as reuniões e todos os eventos que acontecem lá, responde todos os questionamentos feitos nas redes sociais, principalmente aqueles que são feitos quando da transmissão ao vivo.
Então, quem não pode sair de casa e ir pra Câmara, pode ter a Câmara dentro de casa, é só acessar nossas redes sociais. O que a gente quer é participação da comunidade.
É perceptível que você rapidamente tem conquistado espaço na região como liderança política. A que você atribui isso?
Desde minha adolescência sempre fui muito interessado pelas questões públicas, o que sempre me faltava era oportunidade de voz. Lutei demais buscando meios de ser ouvido tanto pelas instituições municipais, quanto pelas estaduais.
E quando alguém fala, assim como você me perguntou, que venho crescendo rapidamente eu sempre pondero que esse rapidamente não é e nunca vai ser sinônimo de facilmente. Posso ter conquistado algumas coisas mais rápido do que imaginei, mas nada foi fácil.
O caminho que tive na época foi ir às urnas e disputar um espaço em que eu poderia representar a população que do outro lado esperava a resposta que ninguém dava.
Aí, desacreditado por muitos, dei minha cara a tapa e com a confiança do povo consegui conquistar um lugar onde representá-los eu ia da melhor maneira possível. Como resposta desse trabalho, hoje conseguimos que o Estado de Minas olhasse por nós, e até o governo federal.
Então, acredito que esse espaço conquistado e o fato de minha imagem estar sendo vista como uma liderança política emergente, é resultado de uma caminhada árdua, mas que sempre teve como propósito o respeito e a lealdade para com os cidadãos que veem em nós, representantes eleitos, o caminho de um amanhã mais próspero.
E isso é satisfatório.
E, se fosse pra resumir em uma frase o que, além da minha vontade e da minha caminhada política, me levou a ser uma liderança política em toda a região, eu diria: Respeito com o povo!
Presidente, diante do cenário político econômico em que vivemos, qual a sua perspectiva quando teve a ideia de fundar a Associação das Câmaras e de Vereadores – ACAM?
O intuito principal é de fortalecer os vereadores, os quais são as autoridades mais próximas dos cidadãos. Quem sabe das necessidades do povo, quem ouve de perto o povo, quem sofre junto com o povo é o vereador. As pessoas moram é nos municípios e não no Estado nem na União. Então, fortalecer o Legislativo Municipal, os vereadores, é fortalecer o povo diante de todas as esferas de poder, Estado e União, no nosso país.
E com esse propósito fomos ganhando parceiros, conquistando seguidores e hoje podemos contar com a participação de várias Câmaras Municipais. E isso é primordial.
Uma andorinha só, não faz verão, por isso com a Associação estamos e vamos continuar caminhando em busca de fortalecer a representação popular diante do Estado e com isso fazer com que o povo volte a acreditar nas instituições públicas.
Unir para desenvolver, esse é o caminho.
Em uma situação hipotética, você como o representante maior do povo, qual proposta apresentaria, em princípio, à população como solução para o alarmante crescimento do número de desempregados?
A ampliação do nosso mercado interno e a geração de emprego e renda são passos fundamentais para a construção de uma Nação que seja respeitada economicamente e tenha toda a sua mão de obra em pleno exercício.
Desenvolver a economia solidária, combatendo a fome e a indigência, promover os pequenos negócios e as cooperativas, apoiar as micros e pequenas empresas, juntamente com as iniciativas para aumentar a competitividade, são caminhos viáveis para que a comunidade possa dar um salto de qualidade.
É uma tarefa difícil, mas se a sociedade for ouvida e os consensos facilitados, os municípios, o Estado e consequentemente o País poderá viver um novo ciclo virtuoso de crescimento, em que milhões de brasileiros socialmente marginalizados serão trazidos para o mercado de trabalho e terão acesso ao consumo de bens de primeira necessidade.
Você tem alguma mensagem para os cidadãos de Conceição, da região e como liderança política, para os cidadãos mineiros como um todo?
A sociedade está descrente nas instituições públicas, o cidadão não se sente mais representado, o cidadão não tem mais voz, e o meu papel e dos representantes eleitos é buscar meios para valorização desse cidadão e provar para ele que ele é o ator principal nessa história toda e que nós políticos, somos apenas coadjuvantes.
E por isso, exercer a cidadania e principalmente democracia participativa é o caminho para reconstruirmos nossa sociedade fundamentada em bases éticas, democráticas, morais e justa. É construindo uma base firme que se chega ao topo com segurança. É pensando global e agindo local que vamos, juntos, conseguir mudar o rumo da nossa política e da nossa sociedade que não pode mais ser massa de manobra daqueles que nunca buscaram o bem comum.
Estou pronto para buscar em conjunto o bem da nossa comunidade porque, esperança e vontade não me faltam e isso é o que me move a querer sempre mais para o meu povo, mesmo sabendo das dificuldades.
Como dizia um grande filósofo que estudei na faculdade, Aristóles, “ama-se o que se conquista com esforço” e eu sei que vou amar o resultado do trabalho conjunto que venho propondo ao povo que, assim como nós políticos, têm em mãos a responsabilidade de fazer no presente um trabalho moral, ético, igualitário e justo.
Precisamos participar mais das decisões políticas, não podemos nos deixar levar por questões partidárias, não podemos nos deixar manipular, precisamos ser mais ativos, caminhar juntos em busca do bem comum.
E deixo para reflexão a seguinte frase:
“Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam”