É difícil, mas é preciso renovar as esperanças para 2020
12.12.2019
Ufa! Chegamos ao fim do torturante ano de 2019. Um ano especialmente difícil para o Brasil, sobretudo na economia. Apesar dos recentes dados positivos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira ainda não deu sinais claros de uma retomada consistente e duradoura. Exatamente há um ano, dezembro de 2018, a expectativa do mercado divulgada pelo Banco Central era de que o PIB brasileiro cresceria 2,53% em 2019. Pelo andar da carruagem, esse número deve ficar em torno de 1%.
Os mais otimistas dirão que esse crescimento é só o início da retomada, que agora a economia entrará nos trilhos. Estão apostando, certamente, nos resultados dos programas e projetos neoliberais do atual governo e do governo Temer, que o antecedeu. Aprovaram uma reforma trabalhista que precarizou as relações de trabalho, sem a contrapartida do aumento de emprego e, mais recentemente, a reforma da Previdência que penaliza o trabalhador em troca de um ajuste fiscal, supostamente imprescindível para o equilíbrio das contas públicas.
Não estou entre os otimistas. É difícil acreditar que esse tipo de política econômica, que só se interessa pelo crescimento do PIB e equilíbrio das contas públicas, tenha algum êxito a longo prazo. Não estou dizendo que essas condições não sejam importantes. Claro que são. Entretanto, é preciso que o governo se preocupe em crescer com distribuição de renda e justiça social.
Ao cortar benefícios previdenciários em um país tão desigual e com uma massa tão grande de trabalhadores que vivem com o salário mínimo, estamos gestando uma crise para um futuro próximo. Assim como está acontecendo no Chile, país que adotou um modelo neoliberal em um passado recente e hoje começa a pagar a conta por essa escolha.
Para crescermos de forma sustentável, o governo precisa, antes de tudo, olhar para o povo brasileiro. Investir em educação, que gera aumento de produtividade, condição sine qua non para o desenvolvimento econômico; fazer uma reforma tributária, não só para simplificar os impostos para os grandes empresários, como quer o governo, mas que, antes de tudo, crie um sistema progressivo, em que o rico pague proporcionalmente mais do que o pobre.
Tudo leva a crer que em 2020 esse nefasto modelo econômico se aprofunde. Mas, como sempre renovamos nossas esperanças nas passagens de ano, torceremos para que nossos representantes no Congresso freiem esse arcaico impulso neoliberal do governo federal.
Jader Viana
Jornalista e economista