Preservando a alma brasileira
José Fernando Aparecido de Oliveira, presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais
10.09.2019
A evolução do Estado é o fortalecimento das instituições e suas ações. O associativismo é uma das bases de uma democracia forte e consolidada. Foi pensando nisso que foi criada a Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, em 2003, que hoje congrega 30 municípios mineiros. Esses municípios somam juntos mais de 50% do patrimônio histórico tombado no Brasil e mais de 70% do patrimônio tombado em Minas Gerais. Entre seus filiados estão três Patrimônios Culturais da Humanidade, tombados pela UNESCO: Os centros históricos de Diamantina e Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas.
Todas as regiões mineiras estão representadas na Associação, desde os Gerais, parte ao norte do Estado, que foi a primeira a ser desbravada por bandeirantes vindos da metrópole de Salvador e interior da Bahia, tendo como referência o rio São Francisco, como as cidades de Januária e Paracatu; até o Sul de Minas das grandes fazendas, que abasteciam o Rio de Janeiro e que viveram os ciclos do Ouro e do Café, como Baependi, terra onde a Beata reconhecida pelo Vaticano Nhá Chica fez história; São Thomé das Letras e Campanha; até as várias cidades das Minas do Ouro, vindo desde o Vale do Jequitinhonha, como Diamantina e Serro, até as tradicionais Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João del Rei, entre tantas outras. Vale lembrar que no caminho velho para Goiás, no Centro-Oeste mineiro, temos a surpreendente cidade de Itapecerica, com seus mais de 300 anos de história.
Por suas ações no permanente trabalho de auxilio e orientação aos municípios nos projetos de preservação, manutenção e divulgação do acervo cultural, arquitetônico, históricos, paisagístico e natural de Minas Gerais, inspiramos a criação da Associação das Cidades Históricas do Estado do Espirito Santo, reafirmando uma vez mais a irmandade natural que existe entre os dois Estados. A eleição da diretoria e sua posse ocorreu no último dia 10 de agosto, sendo eleito como presidente Max Filho, prefeito da cidade de Vila Velha, com seus quase 500 anos de história.
Estamos trabalhando juntos para reestruturarmos, com o apoio da Confederação Nacional dos Municípios, a Associação Brasileira das Cidades Históricas e Turísticas, ampliando as ações juntos aos municípios e o diálogo permanente com os governos estaduais e federal, IPHAN e Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial, interagindo diretamente com a UNESCO e dando apoio para os trabalhos de manutenção e valorização dos patrimônios existentes nas cidades históricas. A partir de agora vamos pensar e ampliar nossas ações, dando visibilidade nacional, pois temos um acervo imenso em nossas cidades, que precisa ser apreendido, reconhecido e divulgado. Mais do que nunca é preciso preservar e valorizar o legado cultural, paisagístico e arquitetônico do Brasil, pois em cada um deles tem também um pouco da nossa memória, de nossa alma e de nossa história.
Por José Fernando Aparecido de Oliveira, presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais