Síndrome do Túnel do Carpo
12.08.2019
A síndrome do túnel do carpo consiste na compressão do nervo mediano no punho. Trata-se de condição mórbida importante pois apresenta incidência de 1 a 4% na população mundial. Os pacientes são predominantemente do sexo feminino, numa proporção de 4x1, geralmente na faixa etária entre 40 e 60 anos. Em cerca de 50% dos casos afeta as duas mãos. Acomete em geral pessoas que utilizam muito as mãos em suas atividades de trabalho ou na vida diária.
O nervo mediano, que recebe esta denominação por estar localizado no meio da face anterior da antebraço, é responsável pela inervação motora e sensitiva da maior parte da mão. Na região do punho (entre a mão e o antebraço), o nervo mediano passa por um espaço estreito denominado túnel do carpo. Trata-se de um canal formado pelos ossos do punho que lhe servem de base e um ligamento (ligamento transverso do carpo), que lhe serve de teto.
O principal sintoma é a dor em queimação e parestesia, uma sensação de formigamento ou dormência, que ocorre na área de inervação do nervo mediano, ou seja, na palma da mão e nos três primeiros dedos da mão (polegar, indicador e mediano). Em alguns casos ocorre irradiação proximal da dor e da parestesia, podendo chegar ao braço e ombro. Os sintomas acentuam-se no período noturno, por vezes de forma intensa, chegando a despertar o paciente. Ocorre alivio transitório com o movimento de sacudir as mãos. Atividades que promovem a flexão do punho por longo período podem aumentar a dor. A progressão da doença pode resultar em redução da sensibilidade nos três primeiros dedos da mão, fraqueza do polegar e atrofia da eminência tenar, que se manifestam pela dificuldade para manipular estruturas pequenas e executar tarefas simples, como segurar um copo, fechar um tampa ou mesmo amarrar sapatos.
O diagnóstico pode ser feito com o exame clínico, baseado na queixa do paciente e na positividade de alguns testes provocativos. O mais eficaz destes teste consiste na manutenção do punho em flexão completa por 60 segundos; quando positivo, reproduz os sintomas. Na suspeita clínica, é solicitado o exame de eletroneuromiografia. Este exame registra a condução do impulso nervoso e o diagnostico é confirmado pela velocidade de condução sensitiva diminuída do nervo mediano através do túnel do carpo.
Na presença de sinais e sintomas sugestivos de síndrome do túnel do carpo persistentes, especialmente se eles interferem nas atividades normais e nos padrões de sono, deve-se consultar um neurologista ou neurocirurgião.
O tratamento depende do grau de comprometimento da doença. Se for leve, indica-se a colocação de uma órtese para imobilizar o pulso e o uso de antiinflamatório. Se não houver melhora é indicada a cirurgia, que consiste na abertura da parede superior do túnel do carpo (secção do ligamento transverso do carpo) através de pequena incisão no punho com o objetivo de descomprimir o nervo mediano. Trata-se de procedimento cirúrgico simples, realizado em cerca de meia hora, sob anestesia local. O índice de sucesso é maior que 90%.
Vários fatores são associados à síndrome do túnel do carpo, como sexo (bem mais frequente no sexo feminino), diabetes mellitus, obesidade, distúrbios da tireoide e atividades que impliquem movimentos de flexão-extensão do punho. Foi demonstrado que a pressão no túnel do carpo aumenta com a extensão e a flexão do punho. O uso inadequado do computador é um fator de risco para LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e síndrome do túnel do carpo. Para aqueles que usam o computador com frequência e passam muito tempo digitando, recomenda-se sentar corretamente e apoiar os braços e punhos. Também éindicado fazer um intervalo a cada duas horas para alongar as mãos e braços. Não existe, de fato, medida preventiva para a síndrome do túnel do carpo, mas deve-se evitar a realização de tarefas repetitivas de flexão do punho.
Dr. Sebastião Gusmão
Professor Titular de Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG
Tel: (38) 3531-4016