Uma boa notícia para a economia
11.07.2019
Ainda que no longo prazo, o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, anunciado no final do mês de junho, pode trazer grandes benefícios para a economia brasileira. Essa é a visão predominante entre economistas, especialistas e setores da indústria, comércio e agronegócio brasileiros. Mas por que o País será beneficiado com o acordo?
Em primeiro lugar, os consumidores brasileiros, assim como os consumidores dos outros países que compõem os dois blocos, pagarão mais barato pelos produtos exportados. Para se ter uma ideia, na indústria, as tarifas do Mercosul vão ser eliminadas progressivamente para veículos, autopeças, equipamentos industriais, produtos químicos, roupas e produtos farmacêuticos. Nos produtos alimentícios, as taxas do Mercosul sobre vinhos, chocolate, licores, peixes enlatados, bebidas gaseificadas e azeitonas também serão eliminadas.
Ao todo, o Mercosul vai eliminar 91% das taxas que cobra sobre a importação de produtos europeus. A eliminação dessas taxas, na prática, barateia o preço pelo qual pagamos por esses produtos.
Além dos consumidores, setores de nossa economia também serão beneficiados pelo aumento da possibilidade de exportação. Nossas empresas poderão vender seus produtos mais facilmente para um mercado de mais 500 milhões de pessoas na Europa. Será mais fácil para que concorram com os produtos europeus em igualdade de preço, sem taxas aduaneiras. O agronegócio brasileiro deve ser um dos mais beneficiados pelo acordo, já que o setor no Brasil é um dos mais eficientes e competitivos do mundo.
O acordo pode trazer, ainda, um alívio para inflação, na medida em que a maior concorrência entre produtores nacionais e estrangeiros puxa os preços para baixo. Esse alívio pode ajudar o governo na promoção de políticas fiscal e monetária expansionistas, que trazem crescimento econômico.
Por outro lado, existe um risco considerável de nossa já combalida indústria perder espaço para os produtos europeus. Terá que competir de igual para igual com a indústria europeia. Quando se inicia um processo de abertura comercial como essa, duas coisas podem acontecer com as empresas. Ou elas se adaptam ao novo cenário, se tornando mais competitivas ou elas quebram de vez, por causa da concorrência. É o preço que se paga pelo acesso facilitado aos produtos de consumo.
O acordo ainda deve demorar alguns anos para que seja aprovado pelos parlamentos dos países, mas é importante que o Brasil aproveite esse tempo e se prepare para não perder a chance que terá com o livre comércio na Europa.
Jader Viana
Jornalista e economista