Mensagem Às Autoridades, aos Serranos e Amigos do Serro
15.03.2019
AASER – Associação dos Amigos do Serro
Às Autoridades, aos Serranos e Amigos do Serro.
A AASER – Associação dos Amigos do Serro, consoante suas disposições estatutárias, apresenta-se, em síntese, como uma associação civil, sem fins lucrativos, sem caráter político-partidário. Assim foi concebida e se mantém atenta na defesa dos legítimos interesses do Serro. Objetiva sempre, construir e pavimentar caminhos na consecução do que melhor possa ser escolhido para manter viva a nossa vocação de liberdade, desde os nossos antepassados, os festejados e os anônimos. A AASER congrega não apenas os serranos, também os amigos do Serro, todos imbuídos do comprometimento cívico, acima de quaisquer outras aspirações, devotado à causa serrana.
Pois bem, é sob essa inspiração e comprometida com os seus objetivos precípuos, não se colocando à margem dos graves acontecimentos que cobrem de lama, literalmente, o nosso estado de Minas Gerais, que a AASER se permite levar aos nossos conterrâneos, de sangue e de coração, de todos os escalões, a sua preocupação com esses fatos atuais. Sobretudo, com o que possa estar por acontecer nesses dias que se avizinham, com a iminência das operações de exploração minerária em nossas terras.
É de se registrar que se trata de uma postura cidadã, altamente responsável, em favor do Serro. É esse o grande diferencial. A AASER vem a público, ciente de que a razão de sua existência é o comprometimento com a causa serrana, corresponsável, inclusive em nível institucional, na construção de tempos mais auspiciosos para todos, serranos e amigos do Serro. A realidade dos fatos fala por si só e justifica a preocupação de que somos tomados, todos nós, indistintamente.
Não pode haver espaço para omissões, sobretudo para a negligência. É preciso falar, escrever, discutir, gritar, como asseverou o eminente jurista e administrativista mineiro, ex-Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Desembargador José Fernandes Filho, em memorável artigo publicado no jornal Estado de Minas edição de 09 de fevereiro p.passado.
E o que pretende a ASSER? É simples assim: que esse seja o comprometimento de todas as instituições, sobretudo serranas, nesse momento grave da nossa história mais recente. É dizer: a) que o Executivo municipal cumpra com o seu papel/dever de administrar com sabedoria esses interesses que circundam essa gama de operações extrativistas, de modo a defender, acima de tudo, o que for de melhor, na sua essência, para o Serro e seus filhos; b) que o Legislativo municipal, com independência e altivez, sabendo traduzir e repercutir a voz do povo, e na condição de seus mandatários, acompanhe, par e passo, todo o desdobramento desse intricado processo de autorização e consumação da extração do minério de ferro no município; c) que o Judiciário, sempre que instado a atuar, em composição com o Ministério Público, e a Advocacia/Defensoria Pública, não se afaste de suas tradições, celeiro de tantas figuras ilustres nos seus quadros, de ontem e de hoje.
Mas não basta.
É preciso que todos os segmentos da nossa sociedade estejam atentos e se posicionem, com independência de maneira favorável ou desfavorável. Se preciso faça repercutir sua voz quando as coisas estiverem fora dos trilhos, quando não forem apresentadas, publicamente, com transparência, as garantias da sobrevivência do nosso acervo artístico-cultural, sobretudo, à vida, digna e saudável, dos que aqui vivem.
Pelo visto, estes já fizeram ecoar aqui e ali, nas redes sociais, o seu grito de alerta que deve ser sempre responsável, avaliando as opiniões favoráveis e desfavoráveis ao empreendimento minerário.
É vital e assim se espera, que no âmbito municipal e desde já, o CODEMA, órgão criado com os objetivos basilares para cuidar do meio ambiente, viabilizar os meios na defesa dos nossos recursos hídricos, da nossa fauna e flora, da nossa diversidade cultural, não se furte ao dever de analisar e bem pesar as reais condições de todo o empreendimento minerário em andamento. Não pode este Órgão se esquecer, de que o desenvolvimento e o progresso do município não podem estar condicionados, dependentes do poder econômico, mas com ele conviver harmonicamente, obedientes à nossa cultura e às nossas mais caras tradições.
Concretamente, alguns questionamentos devem ser colocados:
- Nível de movimentação de veículos pesados que estarão em nossas rodovias;
- Quais consequências para nossos casarões e Igrejas podem advir com as explosões;
- E a contaminação do ar e das águas?
-Quantos empregos diretos seriam gerados para moradores do Serro? Qual o nível destes empregos?
A AASER quer se somar às vozes que, com responsabilidade e serenidade, ecoam como um grito de alerta, convocando a todos para essa reflexão. O momento é grave e exige de todos nós, serranos e amigos do Serro, esse comprometimento.
Serro, Março de 2019.
Helton Antônio de Magalhães
Presidente
Luiz Soares Dumont
Secretário
Felix Nagib Tolentino
Diretor de Cultura, Meio Ambiente, Educação e Turismo