ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL


18.12.2018

Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são divididos em isquêmicos e  hemorrágicos. Abordaremos apenas o acidente vascular cerebral isquêmico  (AVCI), focando nos aspectos preventivos.

O AVCI é definido como ausência de fluxo sanguíneo (isquemia) para determinada área do cérebro. A isquemia determina perda funcional da área cerebral acometida, que se manifestará mais frequentemente por fraqueza muscular (hemiparesia) e perda da sensibilidade de um lado do corpo, afasia (perda da linguagem) e alteração da consciência.

O AVCI é a terceira causa de óbito; sua incidência é de 1% ao ano, entre 65 e 74 anos de idade. Na suspeita de AVCI o paciente deve ser imediatamente levado ao hospital para submeter-se aos exames diagnósticos e tratamento. Quanto mais precoce o tratamento, menor será o dano cerebral e as sequelas.

Os fatores de riscos envolvidos podem ser caracterizados como aqueles modificáveis e não-modificáveis. O primeiro grupo relaciona-se à hipertensão arterial, diabetes tipo 2, obesidade, cardiopatias e tabagismo. O segundo grupo é constituído pela faixa etária e hereditariedade. Como quase todas as doenças, as que predispõem ao AVCI (hipertensão arterial, diabetes tipo 2, cardiopatias e aterosclerose) são causadas por interação entre a hereditariedade e o ambiente. Mas a principal causa destas doenças são dietas inadequadas e baixos níveis de atividade física. Há muitos medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial e do diabetes, mas o melhor tratamento é a prevenção: dieta e exercício.

O cérebro é abastecido por vasos muito estreitos que conduzem açúcar, oxigênio e outras substâncias. Se um dos vários vasos do cérebro fica obstruído, as células por ele irrigadas morrem por isquemia. O AVCI é o fim de um gradual processo de endurecimento das artérias, chamado aterosclerose. É uma inflamação crônica das paredes arteriais  consequente ao transporte do colesterol e triglicérides (gorduras) pelo corpo. As lipoproteínas de baixa densidade (LDL, chamado de colesterol ruim) transportam colesterol  e triglicérides do fígado para outros órgãos. A aterosclerose começa quando LDL ficam pregadas na parede de uma artéria e terminam por formar as placas, que podem obstruir a artéria ou favorecer a liberação de um coágulo na corrente sanguínea. O resultado final é o AVCI.

Atualmente, as doenças metabólicas que predispõem ao AVCI se alastram por causa  da inatividade física, dieta deficiente e obesidade. A elas se acrescentam outros fatores de risco, como bebida alcoólica, fumo e estresse emocional. Mas os dois fatores fundamentais para prevenção do AVCI são dieta e atividade física. Dietas com baixo teor de gorduras saturadas e ricas em fibras (legumes e frutas) diminuem o LDL e triglicérides e elevam o HDL (colesterol bom), reduzindo os fatores de risco associados a doenças cardiovasculares. É também fundamental a redução do sal na dieta. O excesso de sal vai parar no sangue, onde absorve água do resto do corpo. Mais água no sistema circulatório eleva a pressão sanguínea nas artérias. Hipertensão  crônica, por sua vez, estressa o coração e as paredes arteriais, o que determina  dano a inflamação que causa formação de placa. O estresse emocional crônico tem efeitos semelhantes, elevando a pressão sanguínea.

O fundamental na prevenção do AVCI é mudar o ambiente e o comportamento para ter tranquilidade emocional, dieta saudável e atividade física adequada.

Dr. Sebastião Gusmão

Professor Titular de Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG

Tel: (38) 3531-4016

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