Serro invade Belo Horizonte
19.06.2018
A feira gastronômica Aproxima do mês de maio fez uma grande homenagem ao Serro e sua tradicional culinária e iguarias
Foi um grande sucesso a edição da Feira Aproxima do mês de maio, ocorrida no tradicional bairro de Santo Agostinho, no entorno do Museu Abílio Barreto. Criado em 2014, o Projeto Aproxima nasceu com o objetivo de valorizar o produtor local, a economia familiar e a gastronomia regional. Para isso, são realizadas feirinhas mensais em espaços públicos de Belo Horizonte, nas quais são comercializados produtos de todas as regiões de Minas.
Sobre a edição dedicada ao Serro, o idealizador do evento, o chef Eduardo Maya, declarou que “queremos trazer o Serro para BH, para isso, a Feirinha Aproxima Especial Serro trouxe produtores de queijos, quitandeiras, doceiras e até um produtor de fubá de moinho d'água, também tradicional na região. Foram contemplados, ainda, os distritos de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, além do município vizinho de Santo Antônio do Itambé”.
Para ajudar a incentivar a economia local e valorizar os pequenos produtores, os expositores dessa edição foram convidados a fazer pratos com pelo menos um ingrediente do Serro. Além disso, teve ainda uma grande barraca com produtos típicos da região (empório) e uma cozinha montada com fogão a lenha. Ao todo, foram mais de 10 barracas de comida, repletas de história e sabores regionais.
Na barraca principal, foi feita uma homenagem a Dona Lucinha, legítima representante da culinária do Serro. Dona Lucinha foi a primeira chef de cozinha do Brasil a ser convidada três vezes para ir aos EUA como representante da América Latina, através do Movimento Slow Food, que celebra a comida saudável. E, em 2015, foi inspiração para o enredo da Salgueiro, que homenageou os sabores e saberes da comida de Minas.
Já nas barracas de bebidas, o público encontrou as tradicionais cachaças da região, além de vinhos mineiros e cervejas artesanais, que estão presentes desde a primeira edição da Feirinha Aproxima. Destaque para a barraca da cachaça serrana Menina Branca, que além de cocorrida com sua degustação, registrou uma grande venda durante todo o evento.
O queijo do Serro
De acordo com a advogada e pesquisadora Maria Coeli Simões Pires, autora do livro “Memória e arte do queijo do Serro – O saber sobre a mesa” e sócia fundadora da Associação de Amigos do Serro (AASER), a tradição do queijo do Serro teve início há mais de dois séculos. A técnica queijeira, trazida para o Brasil, no século XVIII, por portugueses, foi adaptada ao ambiente das fazendas para dar suporte à promissora exploração de ouro na região. Com a queda do ciclo do ouro, a atividade agropecuária foi intensificada, e a produção do queijo passou então a garantir a base da economia no município e na região. “O queijo se enraizou de tal forma na identidade da região serrana, que foi ardorosamente defendido como forte expressão cultural, resultando no reconhecimento da técnica queijeira serrana como bem imaterial da cultura do Estado e do Brasil. Um título que oficializa o seu valor como ícone da cultura, certamente um passaporte do produto do 'terroir' do Serro para as mesas internacionais”, ressalta Coeli.
A Vilma Alimentos, parceira do evento, montou uma grande barraca para degustação e convidou a chef e colunista do jornal Eloísa Cardoso para ministrar aulas demonstrativas da receita de Penne à Mineira, o que foi um grande sucesso dentro da feira. Eloísa, para valorizar ainda mais a receita, usou queijos da microrregião do Serro para compor o prato, o que evidenciou a qualidade do queijo serrano.
Mostrando a diversidade cultural do Serro, o grupo de Congada, a caboclada, fez uma apresentação na barraca central, com as presenças dos Mestre Dedeu e Marcos. A Banda Santíssimo Sacramento fez uma belíssima apresentação sob a coordenação do Maestro Diney Morais.