Capivari, delicada guardiã do Itambé


16.05.2018

Sabe aquelas fotos clássicas de uma pequena vila bucólica, assentada ao pé da montanha, que a gente vê nos calendários?

Esta é a visão inspiradora ao chegar ao povoado de Capivari, no município de Serro, Alto Jequitinhonha, Minas Gerais.

Ao avistar o povoado, do alto da estrada de terra, ainda antes de chegar, o primeiro impacto é a singela igrejinha de São Geraldo, caiada de branco, anunciando que você será transportado para outro tempo histórico de muita paz.

Em outro plano, chamam a atenção duas alamedas sinuosas gramadas, algumas casas modestas e esparsas, quintais e muita área verde ascendendo à montanha de pedra.

No plano de fundo da paisagem, o Pico do Itambé, maior referência geográfica do Sertão Mineiro, com seus majestosos 2002 metros de altitude, emoldura a hospitalidade daquela gente.

São as primeiras experiências mágicas que o visitante sensível viverá ao chegar a Capivari.

O povoado, hoje, com cerca de 500 habitantes, compõe o Circuito dos Diamantes, trecho da Estrada Real.

Capivari foi erguida na Serra do Espinhaço, na divisa das bacias dos rios Doce e Jequitinhonha. O local é parte da Área de Preservação Ambiental Águas Vertentes, no entorno do Parque Estadual do Pico do Itambé e do Monumento Natural Estadual Várzea do Lajeado e Serra do Raio.

O nome Capivari, dado em virtude das capivaras nativas, não é exclusivo. Há outras localidades com o mesmo nome. Mas, esta Capivari possui características que a diferencia.

O povoado pertence ao distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras. De fato, Capivari é uma extensão de gerações de famílias que se interagiram na mesma cultura preservacionista de São Gonçalo.

Ainda existe lá uma antiga estrada, secular, na época, a única a unir as duas localidades, hoje inexplicavelmente em desuso.

O povoado surgiu no século XVIII, entre nascentes, cursos d'água e cachoeiras, com a exploração de ouro, diamante e coleta de plantas nativas.

Aos poucos, algumas famílias foram se fixando ali. Com a proibição do garimpo e da coleta de plantas, o povoado entrou em declínio obrigando seus habitantes a buscar alternativas de trabalho nas cidades vizinhas.

A decadência econômica, por outro lado, preservou intactas suas tradições. O teatro cantado e falado, expressão artística típica, é um dos remanescentes de seu rico passado.

Em 1999, Marcus Pavani, da operadora “Andarilhos da Luz”, de turismo ecológico, sensível às questões de inclusão social, geração de renda e qualidade de vida das famílias locais, firmou parcerias com as famílias residentes. Foi realizado um mapeamento dos atrativos e feita capacitação dos moradores para criação de pousadas domiciliares formando um turismo sustentável e ecologicamente correto.

O que se queria era promover a inclusão social, ampliar a renda e fixar as famílias no local. A proposta é incentivar a comunidade a tomar suas próprias decisões na condução das estratégias e nos resultados do turismo receptivo. As ações trouxeram um positivo impacto ambiental, social e econômico para a população.

Com a iniciativa, Capivari se tornou referência no chamado Turismo de Base Comunitária, modelo alternativo de turismo, que lhe valeu prêmios institucionais.

Neste modelo, o viajante pode pernoitar em casa de moradores, compartilhar a culinária local, vivenciar tradicionais prosas à beira do fogão à lenha, participar do dia-a-dia simples da comunidade e viver a liberdade do turismo, despojado de preconceitos.

Outra conquista em Capivari é a criação do Centro Comunitário Dona Estulana Marques da Cunha, com centro de informática e salas onde dentistas e médicos assistem a população com o apoio de Serro. O Centro Comunitário também abriga uma lojinha de artesanato e um posto de atendimento ao visitante.

Cachoeira do Amaral

Além da maravilhosa caminhada ao Pico do Itambé, as principais atrações de Capivari são as frondosas cachoeiras do Tempo Perdido, do Amaral e de Coqueiros, entre outros lugares, além da singular hospitalidade de seu povo, inesquecíveis para viajantes de qualquer parte deste planeta.

Cachoeira do Tempo Perdido

Conheça mais sobre este lugar fascinante, acessando: capivari.associacao@gmail.com ou com a operadora Andarilhos da Luz, que programa roteiros regulares a Capivari.

 

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