Temperos mineiros


20.04.2018

A culinária mineira não é apenas um prato, é uma história, uma viagem, um lugar. Sendo assim, vamos juntos pegar estrada pela Serra do Cipó, romper a serra pela estrada estreita, curvas como serpentes, se enroscando, abrindo a paisagem de encher os olhos ao Parque Nacional.

Uma foto quase obrigatória se repete toda viagem, junto à estátua do Juquinha, personagem ilustre da região. Chegamos a Conceição do Mato Dentro, onde fé e história estão enraizadas. A Virgem Conceição, por ser a Santa Padroeira da cidade e a mata virgem, que os índios chamavam caa-té. Daí a expressão mato dentro. Juntaram-se as duas, passou a se chamar Conceição do Mato Dentro. Dentro também do coração.

Para quem quer apostar em belezas naturais, cachoeiras, pode apear: vai se encantar com Cachoeira do Tabuleiro, a maior de Minas Gerais, vai lavar a alma. "Quando o sol da manhã se levanta, Conceição em Ouro e luz se retrata, E de Noite tão alva parece Ser a lua uma bola de prata" (Trecho hino de Conceição).

Sigo estrada, parando aqui e acolá, para uma prosa rápida, uma flor no meio do caminho fotografar. Meu destino é Serro, Milho Verde (terra de Xica da Silva), São Gonçalo do Rio das Pedras. Hospitalidade, construções barrocas, filhos ilustres, o povo... ahhh o povo do Vale do Jequitinhonha, seu maior patrimônio.

Anos atrás, meu filho disse do alto dos seus sete anos de idade: “O povo daqui é feliz, todos sorriem”. Com poucos dentes, sem dentes, mas sinceros, da alma. Gente humilde, simples de coração, na fé inabalável e boas atitudes. Estamos caminhando sobre história, Brasil Colônia, estamos na Estrada Real. A simplicidade dessa gente; não tem como não se apaixonar. Chego ao Serro, Serro do Frio, Vila do Príncipe, minha terra, meu lar. Impecável na beleza. Não bastasse ser filha dessa terra, não bastasse tanta beleza nos seus becos com calçamentos centenários, queijos deliciosamente reconhecidos, estando na França entre os melhores do mundo, amigos de infância... Sempre chego emocionada, como na primeira vez. Vou direto para a casa da minha mãe, preciso de abraços.

Almoço, uma das receitas que mais gosto: Broto de samambaia com costelinha de porco! Assim se faz: - 1 molho grande de broto de samambaia (ou sambambaia).

- Picar em pedaços pequenos e ferver por duas vezes para tirar o amargo. Escorrer e lavar em água fria.

- Costelinha temperada com alho socado com pouco sal e temperos caseiros, colhidos na horta.

- Panela com pouco óleo, bem quente, coloque os pedaços da costelinha, vai mexendo. Depois, pingando água, ate dourar e ficar macia a carne.

Escorrer o excesso de óleo, abrir espaço no meio da carne, coloque um pouco mais de alho e urucum, refogue o broto de samambaia, pingando água, tampe, deixe os sabores se entenderem.

Não pode faltar angu de fubá de moinho d’água.

Feliz, sigo ao encontro da minha irmã Aparecida Cardoso, lá na Vila São Jorge, para participar como festeira Convidada da 2ª Festa da Irmandade de São Jorge, o soldado de Jesus!

Chef Eloísa Cardoso

Eloísa Cardoso - Chef de cozinha, resgate da tradicional culinária mineira, Membro da FGM (Frente Gastronomia Mineira)

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