ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL FOCADA EM MINIMIZAR MAIS UMA CRISE HÍDRICA EM SERRO
14.06.2022
Diversas comunidades do Município de Serro vêm enfrentando nova crise hídrica
Ao longo das últimas décadas, o município vem enfrentando fortes períodos de seca que se repetem e agravam ano após ano, conforme relatos de moradores de comunidades diversas.
Em todo o território serrano, a Administração Municipal, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e a Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária de Serro, vem se desdobrando para combater a escassez hídrica que vem afligindo a população serrana, principalmente na zona rural do município.
Visando amenizar os efeitos da falta de água, tanto para abastecimento das residências quanto para o cultivo pelos agricultores familiares, a Prefeitura de Serro tem trabalhado incansavelmente para suprir as necessidades das Comunidades tendo, nos últimos dois anos, destinado aproximadamente 28 mil metros de tubos para substituição ou implantação de sistemas de captação e distribuição de água, além da reforma de pequenos reservatórios em diversas comunidades da zona rural serrana.
Até o momento, foram atendidas com a doação de tubos as Comunidades Quilombolas de Serra da Bicha e Bica D'água; Engenho em São Gonçalo do Rio das Pedras; a Comunidade Quilombola de Fazenda Santa Cruz; Pedra Redonda; Ribeirão; Águas Claras; Marques; Saia; Mumbuca; São José das Maravilhas; Engenho no distrito de Pedro Lessa; na Comunidade Quilombola de Ausente; no Morro do Paiol; Várzea de Cima e Várzea de Baixo; no Posto Agropecuário; Brumado; distrito de Deputado Augusto Clementino; Jacutinga; Laranjeira; Condado; Serra do Caroula; Motoso; Ouro Fino; Três Barras; Manga Verde e Lucas.
Na Comunidade Quilombola de Queimadas, a situação precária chega a ser desoladora para algumas famílias.
Maria Eliane Alves, natural da Comunidade, comenta a atual situação vivida em sua residência.
“Morei durante alguns anos em Belo Horizonte e retornei a cerca de dois anos e meio e desde que voltei tem sido uma luta com a água. Minha filha sempre tem problemas de saúde: enjoo, diarreia e o que parece ser micose em toda sua pele. Isso tudo vem da água que temos, quando temos.” Comenta Eliane.
“Hoje minha água vem de uma cisterna em meu quintal, mas a água é um barro só. Quando chega por volta de julho, agosto ela seca e aí tenho que pegar água no Córrego Criminoso, mas nem isso é o suficiente, visto que nos últimos anos até o córrego tem secado. Ano passado mesmo, o que me ajudou foi a cisterna na casa do meu irmão depois que minha cisterna e o córrego secaram. Quando isso acontece é praticamente o dia inteiro, correndo de um lado para o outro com balde d'água.” Relata Eliane.
Essa é uma das diversas situações encontradas na Comunidade.
Maria das Neves Ferreira, outra moradora da Comunidade, relata que a anos atrás, possuía próxima a sua residência, uma bica d'água com grande volume de vazão, mas que a mais de dez anos secou completamente.
“Bem aqui na porta de casa, a gente tinha uma bica com uma água limpinha, boa. Muito gostosa. Com os anos, mexeram perto da nascente, aumentou o pasto, e ela foi diminuindo, diminuindo e com o tempo secou completamente. Hoje lá só tem um filete de água, toda barrenta, suja, que nem corre.” Relembra Maria.
“Hoje minha água é de cisterna, mas não é limpinha, como a que eu tinha da bica. Ela é mais para dar pros animais, para aguar uma horta. Muita gente fala que no futuro nós vamos ficar sem água, mas a bem da verdade, aqui já quase não tem.” Comenta Maria.
As falas se repetem por outros moradores da Comunidade.
Ataíde de Paula, ex-Presidente e atual vice-presidente da Associação Quilombola de Queimadas, fala que desde sempre a comunidade enfrenta esses problemas com falta de água.
“Não é de agora que nós sofremos com essa falta de água. Já tem muitos anos. Sempre é uma luta quando chega o período de seca.” Afirma Ataíde.
O Sr. João Tomaz Ferreira, morador dos mais antigos da Comunidade, fala da época quando tinham nascentes boas na região.
“Teve uma época que tínhamos muitas nascentes boas, com água limpa, boa demais. Mas já tem um tempo que elas vêm acabando. Agora é uma dificuldade danada. Nem as chuvas tão adiantando mais.” Comenta João.
A Prefeitura tem trabalhado de forma que a implantação e a substituição dos sistemas de abastecimento de água sejam feitas em parceria com as Comunidades e seus moradores. Em todas as comunidades, após levantamento dos pontos de coleta e a metragens de tubo necessários, os moradores doam sua mão de obra para que o trabalho seja executado.
“Estamos enfrentando nos últimos dois anos, secas sem precedentes em nosso município e temos nos esforçado para conseguir suprir a escassez em nossas comunidades. Não pouparemos esforços para que nossos cidadãos e produtores familiares consigam passar por esse período sem grandes prejuízos, visto que o período chuvoso não tem recuperado totalmente nossas nascentes e córregos”, declarou esperançoso o prefeito Nondas.
“Precisamos agradecer aos nossos cidadãos que abraçaram a causa, junto de suas comunidades para resolvermos os problemas das localidades. Sem eles, esse trabalho não poderia ter sido executado”, completou o Prefeito.