DO DIREITO À EDUCAÇÃO


31.03.2017

Estudiosos do mundo inteiro concordam que o grande diferencial da modernidade é a educação.

Calma prezado leitor! Num primeiro momento o título do presente artigo pode lhe parecer um insulto, considerando o significado hodierno das palavras que o compõem – atualmente, ser político é sinônimo de ser corrupto, e ser idiota significa ser estúpido, ignorante, não inteligente.

Mas qual é o verdadeiro significado de tais termos? O eminente filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella nos ensina que a palavra idiota é originária da expressão grega idiotés e era utilizada para designar aqueles que não participavam das diretrizes do Estado, ou seja, eram indiferentes aos interesses da coletividade e da sociedade em que estavam inseridos. Já a palavra político, originária do grego politikon, representava aquele que tinha uma vida cívica e participativa da polis, da cidade.

Hoje tal concepção grega dos termos político e idiota sofreu uma inversão, ou seja, é idiota quem se interessa pela política. Seria essa inversão dos significantes uma inocência, uma simples coincidência, ou pode ser uma cultura imposta pelos maus, que não tem escrúpulos e nem ao mesmo se importam em serem estigmatizados de larápios, para desestimular as boas pessoas de ingressarem na política? Não sejamos idiotas, tanto no sentido atual, para que não tenhamos ofendida a nossa inteligência, quanto no sentido da antiguidade, para sermos politicamente atuantes, e consideramos como mais razoável a segunda opção.

A Constituição da República Federativa do Brasil tem como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito de que todo o poder emana do povo, exercido por meio de seus representantes. A Carta Magna é límpida ao dizer a quem de fato pertence o poder estatal – ao povo. Isso mesmo caro leitor, pertence a você! Vivenciamos o oposto. Somos massacrados por uma carga tributária astronômica, em que praticamente a metade de tudo o que produzimos anualmente é destinado para um Estado burocrático, corrupto e ineficiente, onde o interesse privado prevalece sobre o público, numa clara demonstração de que ainda somos vítimas de uma administração patrimonialista. Em troca do nosso esforço e sacrifício, recebemos insegurança pública, saúde precária, educação de péssima qualidade e um serviço público ineficaz.

Para mudarmos tal situação, devemos ser políticos e não idiotas. Segundo Aristóteles, o homem é um animal político, pois raciona, fala e interage, ou seja, nós constantemente fazemos política, pois somos integrantes de uma organização social. Mas a política de que fazemos uso constante não se restringe às filiações partidárias e disputas eleitorais. Ela é consequência da necessidade de ultrapassarmos o individualismo em direção ao coletivo, em que é primordial a participação de todos na vida do Estado, em todas as suas esferas, Municipal, Estadual ou Federal, e em todos os seus poderes, Executivo, Legislativo ou Judiciário.

Ser indiferente aos interesses da coletividade nos torna apolíticos, pois a nossa inércia também é uma forma de participação política, apensar de negativa, qual seja, a de se submeter e de se responsabilizar pelas decisões que por outros serão tomadas e das quais decidi não fazer parte.

Como nos ensina Dante de Aleghieri, na sua clássica obra o Inferno de Dante, “no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”. Assim, caro leitor, sejamos políticos e não sejamos idiotas.

Jalfer Filaretti
Policial Federal, graduado em Direto, graduando em História e pós-graduando em Filosofia Contemporânea.

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