Você já pensou no futuro de sua profissão?
10.09.2019
Os aplicativos de transporte de passageiros chegaram em boa hora no Brasil. Em um momento em que a economia entrou em uma severa recessão, entre 2015 e 2016, com consequente explosão no nível de desemprego, os aplicativos, notadamente o Uber, cumpriram e ainda cumprem um importante papel de manutenção de renda para muitos trabalhadores desempregados. Para termos uma ideia, estima-se que 1,1 milhão de pessoas trabalham como motoristas de aplicativos atualmente no País.
O alento dado a tantas pessoas, entretanto, pode acabar em um futuro bem próximo. As grandes empresas do setor já estão testando carros autônomos, ou seja, sem motoristas. Em 2017, a Uber encomendou 24 mil carros autônomos à Volvo para serem entregues até 2021.
O caráter efêmero dessa profissão, que não deve durar mais de 15 ou 20 anos, serve de exemplo e deve nos levar a refletir não só sobre as nossas próprias profissões, mas como será o mundo do trabalho daqui a 10, 20 ou 30 anos. Uma coisa é certa: com o avanço tecnológico e, sobretudo, o aprimoramento da inteligência artificial (IA), grande parte das profissões que conhecemos hoje deixarão de existir.
Seria muito bom se, como ocorreu na primeira revolução industrial, os empregos eliminados pela tecnologia fossem substituídos por outro tipo de trabalho. Naquela época, habitantes de países em desenvolvimento deixaram os campos e foram trabalhar na indústria e, de forma gradativa, no setor de serviços. Por mais temor que houvesse, as máquinas não eliminaram os empregos, apenas os deslocaram.
A revolução tecnológica que estamos vivendo agora, no entanto, dá indícios de ser bem mais nociva aos empregos. Como o historiador israelense Yuval Noah Harari bem destacou no livro Homo Deus, “os humanos têm dois tipos básicos de aptidão: as físicas e as cognitivas. Enquanto as máquinas competiam conosco meramente nas aptidões físicas, sempre haveria trabalhos cognitivos”. A IA já está bastante sofisticada e há inúmeros robôs, computadores e algoritmos artificias que são capazes de lembrar, analisar, reconhecer padrões e aprender sozinhos. E mais assustador: já estão superando os humanos em muitas dessas capacidades.
O que será de nossos empregos? Onde nossos filhos e netos trabalharão no futuro? Se não houver emprego, como haverá consumo e para quem as máquinas trabalharão? Pretendo tratar dessas questões no próximo artigo. Até lá!
Jader Viana
Jornalista e economista