OBESIDADE
16.04.2019
A obesidade refere-se a acumulação excessiva de gordura corporal. É definida pelo índice de massa corporal (IMC), calculado dividindo o peso da pessoa pelo quadrado de sua altura. O valor normal é de 18 a 25; de 25 a 30 indica excesso de peso (sobrepeso), e acima de 30 é obesidade. Ela está diretamente associada a maior incidência de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, apneia do sono e depressão.
A carência alimentar de nossos antepassados moldou o cérebro humano no sentido de acumular energia sob a forma de gordura para ser usada nos períodos de escassez de comida. Essecondicionamento evolucionista em tempos de penúria encontra agora fartura e se volta contra o homem moderno.
Da mesma forma que outras doenças, a obesidade é o resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. Sua causa mais comum é a combinação de dieta hipercalórica, sedentarismo e suscetibilidade genética. A dieta hipercalórica moderna contém excesso de grãos processados (trigo, arroz, milho e soja), açúcar e carne, e baixa de vegetais e frutas. O estilo de vida sedentário deve-se ao trabalho exigir cada vez menos esforço físico,ao aumento da utilização de transportes mecanizados e à maior disponibilidade de tecnologia residencial. Existe uma correlação entre o tempo passado em frente à televisão e computador e o risco de obesidade. Na vida moderna, estamos ingerindo mais calorias e gastando menos. Ou seja, estamos armazenando calorias (gordura).
O tratamento da obesidade baseia-se na dieta e atividade física. Para ajudar na adesão à dieta pode ser administrado medicação anti-obesidade para reduzir o apetite ou diminuir a absorção de gordura pelo organismo. Quando a dieta, o exercício e a medicaçãosão ineficazes, pode ser indicada a cirurgia bariátrica para reduzir o volume do estômago. Isso causa a sensação de saciedade mais cedo e menor capacidade de absorção de nutrientes dos alimentos.
A obesidade é uma das principais causas de morte evitáveis em todo o mundo, com taxas de prevalência cada vez maiores. É um dos mais graves problemas de saúde pública da atualidade, sendo uma epidemia em escala global. No Brasil, cerca de metade da população apresenta sobrepeso e 15% dos indivíduos com mais de 20 anos têm obesidade. Em média, a obesidade reduz a esperança de vida entre seis a sete anos.
A obesidade aumenta o risco de diversas complicações integradas numa condição denominada síndrome metabólica, um conjunto de transtornos clínicos que engloba: diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol elevado e níveis elevados de triglicerídeos. A moderna dieta ocidental rica em gorduras saturadas e carboidratos refinados, associada ao sedentarismo, parece ser o fator fundamental na gênese da síndrome metabólica que determina obesidade visceral, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e diabetes tipo 2.
A dieta ideal deve conter os três macronutrientes, com redução relativa dos carboidratos simples (de alto índice glicêmico) e das gorduras saturadas, privilegiando assim os alimentos com alta densidade nutricional (mais aminoácidos essenciais, vitaminas, minerais e fibras) e com baixa densidade calórica (menos carboidratos simples e gordura saturada). Isso poderia ser resumido no conselho dietético: coma alimentos naturais (não processados, não industrializados, não embalados), sobretudo plantas (frutas e vegetais).
O passado do corpo humano foi moldado pela evolução através da seleção natural, mas o futuro de nosso corpo depende de como nós o usamos. Nós somos o que ingerimos, pois é o alimento que contrói os tecidos de nosso corpo e propicia a energia para todos nossos processos vitais. A prevenção da obesidade pode ser conseguida na grande maioria dos casos com alterações da dieta e do estilo de vida.
Dr. Sebastião Gusmão
Professor Titular de Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG
Tel: (38) 3531-4016