ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICO
14.01.2019
Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são divididos em isquêmicos e hemorrágicos. Como anteriormente falamos do AVC isquêmico, abordaremos aqui apenas o AVC hemorrágico.
O AVC hemorrágico (derrame cerebral) consiste no rompimento de uma artéria cerebral, ocorrendo sangramento (hemorragia) em algum ponto do cérebro. O AVC isquêmico decorre da obstrução de uma artéria, e não de seu rompimento. O AVC hemorrágico representa cerca de 15% de todos os casos de AVC. A mortalidade é de cerca de 35 a 56% ao final de 30 dias, e somente 20% dos sobreviventes estarão independentes em seis meses. No Brasil, as doenças cardiovasculares afetam anualmente cerca de 17,1 milhões de pessoas, sendo que 300 mil morrem.
O AVC hemorrágico é comumente causado pela hipertensão arterial ou por uma doença chamada angiopatia amilóide. Nessas doenças, as paredes das artérias cerebrais ficam mais frágeis e se rompem, causando o sangramento. Os fatores de risco são: hipertensão, diabetes, tabagismo, colesterol alto, alcoolismo, obesidade e sedentarismo.
Os sintomas do AVC hemorrágico se manifestam por quadro súbito de dor de cabeça intensa, perda de força de um dos lados do corpo (hemiparesia ou hemiplegia), perda da fala (afasia) e alteração do estado de consciência (sonolência ou coma). Na presença de qualquer um dos sintomas citados, o paciente deve ser imediatamente levado a um hospital, pois quanto mais rápido se dá o tratamento, menores serão as sequelas. O diagnostico é confirmado por meio da tomografia computadorizada ou ressonância magnética que demonstram a localização e o tamanho da hemorragia.
O tratamento de emergência visa estabilizar os dados vitais e prevenir a extensão da lesão cerebral. Em alguns casos, coloca-se um cateter para avaliar a pressão dentro do crânio, que aumenta por conta do inchaço do cérebro após o sangramento. Em poucos casos pode ser necessário tratamento cirúrgico para retirada do hematoma intracerebral.
Muitos fatores de risco contribuem para o AVC hemorrágico. Alguns desses fatores não podem ser modificados, como a idade, a raça, a constituição genética e o sexo. Outros fatores, entretanto, podem ser prevenidos e tratados, tais como hipertensão arterial, diabetes mellitus, ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo, sedentarismo (falta de atividades físicas) e obesidade. Como hipertensão arterial é o principal fator de risco (cerca de 80% das pessoas que têm derrame são hipertensas), o mais importante é o controle rigoroso da pressão arterial, que deve ser mantida a níveis inferiores a 120X80mmHg. O controle da pressão arterial reduz em 42% o risco de hemorragia cerebral.
Como em quase todas as doenças, as que predispõem ao AVC (hipertensão arterial, diabetes tipo 2, cardiopatias e aterosclerose) são causadas por interação entre a hereditariedade e o ambiente. Mas a principal causa destas doenças são dietas inadequadas e baixos níveis de atividade física. Há muitos medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial e do diabetes, mas o melhor tratamento é a prevenção: dieta e exercício.
Atualmente, as doenças metabólicas que predispõem ao AVC se alastram por causa da inatividade física, dieta deficiente e obesidade. A elas se acrescentam outros fatores de risco, como bebida alcoólica, fumo e estresse emocional. Mas os dois fatores fundamentais para prevenção do AVC são dieta e atividade física. Dietas com baixo teor de gorduras saturadas e ricas em fibras (legumes e frutas) diminuem o colesterol e triglicérides, reduzindo os fatores de risco associados a doenças cardiovasculares. É também fundamental a redução do sal na dieta. O excesso de sal vai parar no sangue, onde absorve água do resto do corpo. Mais água no sistema circulatório eleva a pressão sanguínea nas artérias. Hipertensão crônica, por sua vez, estressa o coração e as paredes arteriais, o que determina dano a inflamação que causa formação de placa e ruptura do vaso. O estresse emocional crônico tem efeitos semelhantes, elevando a pressão sanguínea.
O fundamental na prevenção do AVC é mudar o ambiente e o comportamento para ter tranquilidade emocional, dieta saudável e atividade física adequada.
Dr. Sebastião Gusmão
Professor Titular de Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG
Tel: (38) 3531-4016