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DR. JOSÉ MONTEIRO: UMA HISTÓRIA DE AMOR E DEDICAÇÃO AO SERRO


14.04.2021

Nossa singela homenagem àquele que batizou nosso jornal

São 90 anos de uma história de amor e dedicação ao Serro

Nascido no Serro em 27 de março de 1927, filho de Plínio Monteiro de Magalhães e Maria José Dayrel da Cunha Magalhães, o Dr. José Monteiro da Cunha Magalhães, morou com os pais em Sabinópolis até os seis anos quando voltou ao Serro para estudar.

Para poder cursar o ginásio se mudou para São João Del Rei onde estudou, como interno, no Colégio Santo Antônio. Mas o coração já havia sido arrebatado pelo Serro. Toda oportunidade que tinha vinha para cá. Essa rotina perdurou até dezembro de 1945 quando passou no vestibular de medicina na Universidade do Estado de Minas Gerais.

Quando em 1951 se formou médico, foi exercer a profissão na cidade de Sabinópolis, onde ficou por três anos, chegando a ocupar o cargo de Diretor do Hospital local.

O INÍCIO DE UMA HISTÓRIA

Mas era no Serro que a trajetória, como médico, ganharia destaque e, parece que a população sabia disso. Fizeram um abaixo-assinado pedindo a vinda dele para exercer a medicina entre os serranos. E ele veio.

Quando aqui chegou a Santa Casa da cidade mais parecia um asilo. Os doentes vinham para se tratar e, como os recursos eram poucos, aqui permaneciam, transformando o quarto que ocupavam em residência. Alguns deles tinham até oratório. “A Santa Casa mais parecia um asilo, um abrigo”, lembra o Dr. José Monteiro.

Ele arregaçou as mangas e começou a mudar as coisas.

Uma das primeiras mudanças foi a instalação de uma sala de cirurgias, onde pudesse operar seus pacientes. Depois, com o apoio do provedor da Santa Casa, construíram, num terreno anexo, um prédio com vários apartamentos para que os pacientes pudessem ficar internados até se recuperarem e receber alta.

Mas apesar de todas as mudanças a falta de estrutura era muito grande. Naquela época o Serro não tinha luz, água, telefone e o acesso pelas estradas era muito precário. Ele chegou a fazer cirurgias usando uma lanterna para iluminar o local da operação.

Em 1963, deixa o Serro e se muda para Belo Horizonte. Ele sentia que era a hora de se especializar, alçar voos maiores. Chegou a trabalhar no Hospital São José que mais tarde seria vendido para o INSS e hoje é um hospital-escola da Faculdade de Ciências Médicas.

LUTA Á DISTÂNCIA

Mas mesmo fora do Serro o Dr. José Monteiro continuava com a cidade no coração. Junto com o irmão Jairo Magalhães, deputado estadual, começa a lutar por melhorias para a cidade. Consegue trazer a luz da Cemig para o Serro e seus distritos. Depois foi a vez da água da Copasa e do sistema de telefonia fixa.

Mais tarde consegue junto ao então governador Israel Pinheiro, o início da construção da rodovia ligando Datas ao Serro, que foi sendo concluída aos poucos à medida que os governantes estaduais contribuíam. Fizeram parte dessa história, além de Israel Pinheiro, os Governadores Rondon Pacheco, Aureliano Chaves, Francelino Pereira, Tancredo Neves e Hélio Garcia. As obras foram finalizadas no início do primeiro mandato de prefeito do Dr. José Monteiro, incluindo o asfaltamento do aeroporto do Serro.

O governador Israel Pinheiro, em atenção ao pedido do Dr. José Monteiro determinou que a Camig terminasse a construção da fábrica de laticínios, colocando a mesma em funcionamento, onde os produtores rurais comercializavam e, ainda comercializam seus produtos.

Com o funcionamento da fábrica, a cooperativa dos produtores rurais de Serro, entrou em dificuldade financeira porque a Camig absorveu toda a produção de laticínios do município. Procurado pelo presidente da cooperativa, Dr. José Monteiro, que ainda residia em Belo Horizonte, conseguiu do secretário da agricultura, Agripino Abranches Viana, visitasse o Serro, analisasse o problema e determinasse que a Camig vendesse à cooperativa, a fábrica. A compra foi feita em três pagamentos mediante promissórias assinadas pelo presidente da cooperativa e avalizadas por Dr. José Monteiro, acompanhado de mais dois outros cooperados. E a partir daí a cooperativa se recuperou e passou a administrar a fábrica com muita eficiência.

A atuação do Dr. José Monteiro mesmo longe do Serro, sem estar ligado politicamente à cidade, já mostrava o quanto ele a amava.

Em 1975, já sentindo que o Serro dava a ele condições de exercer a medicina como queria, volta para a cidade.

VOLTA AO SERRO E UM NOVO DESAFIO

Abre um consultório na casa onde até hoje mora, na Praça João Pinheiro e, começa a atender as pessoas, independente de classe social e recursos, atuando inclusive na Santa Casa do Serro. Torna-se referência médica na região, atraindo pacientes até de cidades vizinhas. Aqueles que o procuravam achavam não apenas um médico, mas também um amigo que ajudava e participava dos problemas deles.

A população vê então que ele seria a pessoa certa para assumir os destinos da cidade e, praticamente o obriga a se candidatar à prefeitura.

Em 1982 se elege prefeito pela primeira vez com 80% dos votos. Começa aí sua trajetória política que o levaria outras duas vezes a ocupar o cargo. Foram seis anos no primeiro mandato, já que naquela época não havia reeleição.

A segunda vez em que ocupou o cargo foi quatro anos depois da primeira. Era ele, pela Frente Liberal (PFL) e um candidato do PMDB.

Mas aí aconteceu um fato interessante na história da política do Serro. Esse outro candidato acabou não conseguindo a aprovação do seu partido e o Dr. José Monteiro foi o único a disputar a prefeitura.

Na terceira vez ele enfrentou dois outros adversários. O Dr. José Monteiro considerou uma campanha violenta. Mas, ganhou.

Ele lembra que terminada a apuração dos votos da cidade e faltando ainda a apuração dos distritos do Serro, ele foi até o Fórum para conferir a votação que havia conseguido. Mas, para sua surpresa foi impedido de entrar, pelo juiz. Quis saber por que, já que todo candidato tinha esse direito. O juiz então respondeu que ele não era mais candidato, pois já havia conseguido os votos necessários para se eleger, sem a votação dos distritos. Já era prefeito.

Quando, na saída, chegou à porta do Fórum havia uma multidão a sua espera, para carregá-lo nos ombros até a Praça João Pinheiro onde a festa continuou.

FATOS QUE MARCARAM UMA TRAJETÓRIA

Dr. José Monteiro se lembra de fatos que marcaram sua trajetória política no Serro, como por exemplo, quando seu irmão Jairo Magalhães, então líder do PSD na Assembleia Legislativa, abriu mão da colocação no Diretório da Arena para o Governador Israel Pinheiro, e com isso conseguiu verba para o prefeito da época, José da Conceição Araújo, construir o atual prédio da cadeia, e passar o Fórum para a atual instalação, da antiga cadeia.

Outro fato que ele lembra com orgulho foi quando solicitou verba para trocar todo o piso da Praça João Pinheiro. Engenheiros do DER vieram até o Serro para fazer o levantamento da obra e seus custos. O relatório foi repassado ao DEOP- Departamento de Obras Públicas do Governo do estado que liberou a verba para os trabalhos.

O trabalho foi finalizado e, sobrou dinheiro.  Ele procurou o DEOP e relatou a sobra de parte da verba liberada. Ouviu do diretor daquele departamento que era a primeira vez que via um prefeito procurá-lo para falar que sobrou dinheiro.

O Dr. José Monteiro solicitou então que essa sobra de dinheiro pudesse ser aplicada em outra obra na cidade, a da Praça Israel Pinheiro. Teve seu pedido atendido e o trabalho foi feito. Ele lembra também que quando assumiu no primeiro mandato, o prédio da prefeitura estava em ruínas assim como outros 20 prédios da prefeitura na cidade.

Quando deixou o cargo, o prédio da prefeitura estava quase terminado, deixou, ainda, convênios assinados com o IPHAM para a compra de material que possibilitaram o término das obras desse prédio.

Ainda no primeiro mandato trouxe para o Serro a Escola de Ensino Supletivo Teotônio Magalhães (em homenagem ao seu avô), inicialmente com o primeiro grau e posteriormente também com o segundo grau. Hoje essa escola mantém 600 alunos.

À frente da prefeitura do Serro o Dr. José Monteiro construiu quatro creches com ensino infantil, atendendo mais de cem alunos em cada uma delas, várias escolas na área rural, cursos de aperfeiçoamento para professores, trouxe a faculdade UNIPAC que chegou a formar 300 professores, a PUC com os cursos de direito e administração. Através de decreto instituiu que toda escola municipal e estadual instalada no Serro e seus distritos obrigatoriamente teria que ter um professor para educação infantil.

Com relação a PUC o Dr. José Monteiro conta que certa vez foi até o reitor daquela universidade, na época Padre Geraldo Magela, para tratar da transferência de uma de suas filhas, Viviana Magalhães Nunes para o curso de direito. Ao sair pediu ao reitor a instalação de uma unidade da PUC no Serro e, recebeu como resposta que pensaria com carinho no assunto. Tão logo chegou ao Serro ligou para seu irmão deputado Jairo Magalhães e pediu sua interferência para reforçar o pedido, o que foi feito.

Pouco tempo depois recebeu a resposta positiva. Tiveram início os trâmites legais com a vinda de um responsável pelos levantamentos para conhecer as instalações que estavam sendo oferecidas. Ele veio, viu e gostou do local, sugerindo obras de adaptação que teriam que ser feitas.

Como a PUC funcionaria em um colégio de uma congregação religiosa foi necessária à assinatura da superiora dessa congregação para permitir o aluguel da área. Essa pessoa ficava no Rio de Janeiro e só depois de muitas idas e, vindas foi permitido que uma superiora em Belo Horizonte assinasse o contrato. Assim nascia a PUC no Serro. Com o correr do tempo o curso de Administração deixou a unidade da cidade, ficando apenas o curso de direito.

MARCA QUE FICOU

O Dr. José Monteiro fala do orgulho que tem de ter instalado a medicina no Serro, atendendo de igual maneira todos, independe de formação, classe social ou cor. Foi o responsável pelas primeiras cirurgias e partos no hospital do Serro.

Sobre a política hoje praticada no país ele se diz decepcionado e lembra que o dinheiro público tem que ser respeitado.

A MATÉRIA

Para fazer essa reportagem, nós do Jornal Vila do Príncipe fomos até a casa do Dr. José Monteiro (na Praça João Pinheiro), que nos recebeu sentado em uma poltrona. Ao seu lado a esposa, dona Vilma Nunes Magalhães, com quem é casado há 63 anos, acompanhava tudo com um brilho nos olhos. Com orgulho ajudava a lembrar de tudo. Um papo gostoso com casos e histórias que marcaram a trajetória na medicina e na politica do Serro.

Dr. José Monteiro e dona Vilma têm duas filhas. Juliana Magalhães Nunes, casada com Ricardo Clementino Nunes, e mãe de um casal de filhos e, Viviana Magalhães, advogada, mãe de um rapaz e duas meninas.

Ao fazer e publicar essa matéria estamos homenageando o Dr. José Monteiro e a cidade do Serro. Uma pessoa que se tornou orgulho de todo serrano.

Que a população do Serro saiba que o nome do nosso Jornal, Vila do Príncipe, foi uma sugestão do Dr. José Monteiro, prontamente aceita por nós, com muito orgulho.

Matéria publicada originalmente em Fevereiro de 2017

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